Dados do Trabalho


Título

Soropositividade para Coxiella burnetii em pacientes suspeitos de dengue do estado de São Paulo

Introdução

Devido à alta prevalência de algumas doenças tropicais, como dengue, malária e chikungunya, importantes zoonoses têm sido negligenciadas durante a avaliação clínica dos pacientes, resultando em diagnósticos errôneos. A febre Q é uma zoonose que causa febre e outros sinais clínicos sistêmicos em humanos e sua ocorrência tem sido subestimada.

Objetivo (s)

Investigar a soropositividade para anticorpos anti-C. burnetii em pacientes com suspeita de dengue atendidos pelo serviço público de saúde de 38 municípios do estado de São Paulo.

Material e Métodos

As amostras (n = 604) foram obtidas por conveniência do banco de soros do Instituto Adolfo Lutz de Bauru e correspondem a soros de pacientes negativos para dengue. As amostras foram submetidas a um ensaio de imunofluorescência indireta (IFA) usando protocolos de diagnóstico internos e comerciais para avaliar positividade de C. burnetii. Foram analisadas as titulações das amostras soropositivas e os tipos de anticorpos detectados. As associações e inferências estatísticas dos resultados foram realizadas por regressão logística de acordo com as variáveis clínicas e demográficas coletadas dos pacientes. Para as análises estatísticas, foi usado o Statistical Analysis Software (SAS), e as associações foram consideradas quando o valor de p era <0,05.

Resultados e Conclusão

Ao todo, 129 pacientes apresentaram resultados positivos para febre Q, indicando uma soropositividade de 21,4% (95% CI 18,15–24,85). Os títulos avaliados e os tipos de anticorpos presentes sugerem a ocorrência de febre Q em suas formas aguda e crônica. As variáveis analisadas no estudo foram dias de sintomas, idade, sexo e porte dos municípios classificados como rural, pequeno, médio e grande. Pacientes com 14–20 dias de sintomas tiveram 2,12 (IC 95% 1,34–3,35) vezes mais chances de serem soropositivos para febre Q do que pacientes com 7–13 dias, e pacientes com 21–27 dias de febre tiveram 2,62 (IC 95% 1.27–5. 41) vezes mais chances de serem soropositivos para febre Q do que pacientes com 7–13 dias. Para as demais variáveis analisadas, não houveram associações significativas entre os grupos. Este é atualmente o estudo publicado mais abrangente sobre pessoas soropositivas para febre Q no Brasil, e fornece dados adicionais para toda comunidade médica. Sugere-se que a febre Q pode ser um importante diagnóstico diferencial de doenças febris na região, exigindo atenção e investimento do governo em saúde.

Palavras-chave

febre Q, sorologia, doença negligenciada, subdiagnóstico.

Agradecimentos

FAPESP, CNPq, FUNED e IAL-Centro Regional II.

Área

Eixo 11 | Infecções causadas por bactérias

Autores

Danilo Alves de França, Mateus de Souza Ribeiro Mioni, Felipe Fornazari, Nássara Jabur Lot Rodrigues, Ana Íris de Lima Duré, Marcos Vinícius Ferreira Silva, Fábio Sossai Possebon, Virgínia Bodelão Richini-Pereira, Helio Langoni, Jane Megid