Dados do Trabalho

Título

Características epidemiológicos da tuberculose na população Yanomami, estado de Roraima, 2017-2022

Introdução

Os povos indígenas representam 10% do total da população de Roraima, considerada a maior população indígena do Brasil em termo relativo. A Terra Yanomami possui cerca de 30 mil indígenas, incluindo os isolados, em 371 comunidades.

Objetivo (s)

Descrever as características epidemiológicas da tuberculose na população Yanomami no Estado de Roraima no período de 2017 a 2022.

Material e Métodos

Estudo descritivo e retrospectivo. Os dados foram levantados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) no período de 2017 a 2022. As variáveis do estudo incluem as sociodemográficas: sexo e faixa etária, e clínicas: forma clínica, tipo de entrada e encerramento do caso. Os dados foram analisados no Programa Excel e foi realizada uma análise descritiva da frequência absoluta e percentual.

Resultados e Conclusão

No período de 2017 a 2022 foram notificados 2.233 casos de tuberculose em Roraima, destes 399 (17,8%) dos casos foram em indígenas, e entre os casos em indígenas, 145 (36,3%) ocorreram na população Yanomami. No período do estudo, o número de casos de tuberculose em indígenas aumentou 100% e na população Yanomami 16,7%. O detalhamento dos casos de tuberculose em Yanomami em relação ao total de indígenas foi de 52,2% (24/46) em 2017, 37,6% (29/77) em 2018, 37,0% (27/73) em 2019, 42,2% (19/45) em 2020, 27,3% (18/66) em 2021, 30,4% (28/92) em 2022. Do total de casos em Yanomami, 88,9% (n=129) foram casos novos, 5,5% (n=8) transferências, 2,8% (n=4) pós óbito, 2,1% (n=3) reingresso pós abandono e 0,7% (n=1) recidiva. Houve predomínio em 54,5% (n=79) do sexo masculino e das faixas etárias de 21 a 59 anos com 47,6% (n=69), de 11 a 20 anos com 25,5% (n=37), de 0 a 10 anos com 20,7% (n=30) e de 60 e mais anos com 6,2% (n=9). Quanto a forma clínica, a pulmonar prevaleceu em 79,3% (n=115), seguido da extra pulmonar com 13,8% (n=20) e mista com 6,9% (n=10). O desfecho foi de cura ocorreu em 70,3% (n=102), transferência em 11,7% (n=17), óbito por tuberculose em 6,9% (n=10), abandono de tratamento e mudança de diagnóstico em 1,4% (n=2) cada, óbito por outra causa em 0,7% (n=1), e em 7,6% (n=11) com desfecho em branco. Concluímos que a detecção de casos de tuberculose na população Yanomami aumentou, assim como na população indígena geral. Devido as suas condições de vulnerabilidade é fundamental a adoção de estratégias que ampliem o acesso ao diagnóstico precoce e tratamento para essa população, com a finalidade de evitar complicações e a disseminação da doença.

Palavras-chave

Epidemiologia; Estado de Roraima; Tuberculose; Yanomami