Dados do Trabalho
Título
Alterações da celularidade e da microarquitetura do baço em pacientes com COVID-19: Um estudo de autópsia minimamente invasiva
Introdução
A COVID-19 é uma doença causada pelo vírus SarsCov-2, com manifestações predominantemente respiratórias, acompanhada por intensa ativação da resposta imune e coagulopatia multisistêmica. Na COVID-19 grave, pacientes apresentam redução do tamanho do baço e alterações da celularidade. Entretanto, essas alterações não têm sido examinadas com perspectiva da existência da desorganização da polpa branca esplênica e seu potencial para o agravamento da doença e susceptibilidade a co-infecções.
Objetivo (s)
No presente trabalho, investigamos as alterações microestruturais e celulares associados ao óbito na COVID-19 para compreender as potenciais implicações da desestruturação esplênica na doença.
Material e Métodos
Foram coletados baços de pacientes que morreram de COVID-19 (n=9) e baços de indivíduos saudáveis pós-trauma. Secções foram coradas com H&E, azul de Prússia, metenamina de prata e imuno-histoquímica para Linfócito T, Linfócito B, Macrófagos, IL-6 e IL-17. O grau de organização esplênica foi classificado conforme descrito por Hermida e colaboradores (2018).
Resultados e Conclusão
Houve redução na densidade celular e organização da microestrutura esplênica em pacientes com COVID-19. Todos os pacientes com COVID-19 possuíam algum nível de desorganização esplênica: 8/9 apresentavam baço do tipo 3 (intensamente desorganizado) e 1/9 do tipo 2 (parcialmente desorganizado). Dos pacientes controles, 3/5 possuíam baço tipo 1 (organizado) e 2/5 tipo 2. Houve diminuição da densidade de linfócitos T (p=0,0008) e B (p=0,008) na PV em baço de pacientes com COVID-19, comparado a pacientes controles. Não houve diferença na contagem de IL-6, IL-17, Arginase-1 e CD163 na PV. A hipoplasia não se limita a PV, com diminuição significativa de folículos nos pacientes com COVID-19 (p=0,03). Na coloração por prata foi observado fragmentação da malha reticular em todos os pacientes com COVID-19 (9/9), não observado em nenhum paciente do grupo controle. Em 3/9 pacientes com COVID-19 houve aumento na frequência e densidade dos pigmentos de ferro, em regiões de PV ou cápsula. Há desorganização importante dos compartimentos esplênicos durante a COVID-19, associada a diminuição da densidade de linfócitos T e B na PV e atrofia da PB. A trama reticular parece interrompida na doença, podendo afetar o suporte estrutural e a retenção de células no órgão.
Palavras-chave
COVID-19, Baço, Esplenócitos, Autopsia.
Agradecimentos
FAPESB e PROEX
Área
Eixo 09 | COVID-19
Categoria
Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado
Autores
Bianca Ramos Mesquita, LUMA BAHIA, ERINA MASAYO HASSEGAWA, REGINALDO BRITO, JONATHAN LUIS MAGALHÃES FONTES, CARLA PAGLIARI, LILIAN VERENA SILVA CARVALHO, RAYSSA SILVA OLIVEIRA, LUIZ ANTÔNIO RODRIGUES FREITAS, GERALDO GILENO SA OLIVEIRA, WASHINGTON LUIS CONRADO DOS-SANTOS