Dados do Trabalho


Título

Extremos nutricionais, isoladamente, não aumentam as chances de complicações clínicas da COVID-19: Resultados de um estudo multicêntrico

Introdução

Objetivo (s)

Identificar possíveis associações entre os extremos do estado nutricional (baixo peso e excesso de peso) prévio ao diagnóstico de COVID-19 com desfechos clínicos em pacientes infectados pelo SARS-COV-2.

Material e Métodos

Trata-se de uma coorte dinâmica, multicêntrica, realizado em 8 estados do Nordeste do Brasil. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos (diagnóstico prévio de comorbidades) e antropométricos (peso e altura autorreferidos) de pessoas que testaram positivo para COVID-19. Os pacientes recrutados por profissionais dos serviços no momento da admissão na emergência e nas unidades de testagem para COVID-19 (onde os dados foram coletados prospectivamente, independente se apresentavas critérios para hospitalização ou isolamento domiciliar) ou já internados em hospitais parceiros da pesquisa (onde os dados foram coletados retrospectivamente e prospectivamente em prontuário). Se hospitalizado, os pacientes foram acompanhados até o desfecho alta ou óbito. Se tratados em isolamento domiciliar, os pacientes foram acompanhados remotamente até conclusão do período de isolamento (considerado para esse estudo 21 dias). Os desfechos foram necessidade de hospitalização, ventilação mecânica e óbito. Modelos de regressão logística multivariada, ajustados por idade, sexo e comorbidades prévias, avaliaram os efeitos do estado nutricional prévio à infecção sobre os desfechos clínicos.

Resultados e Conclusão

Foram avaliados 1.308 indivíduos, dos quais 33,6% tinham idade > 65 anos. O excesso de peso corporal foi encontrado em 872 pessoas (66,9%) e baixo peso em 35 (2,7%). Com base, exclusivamente, na análise univariada, a necessidade de internação foi observada com maior frequência entre os indivíduos com baixo peso e sobrepeso. Entretanto, em análise multivariada ajustada, o peso corporal não se associou ao risco de hospitalização (Baixo peso: OR: 1,10; IC95%: 0,50; 2,41; Excesso de peso corporal: OR: 0,81; IC95%: 0,57; 1,14), ventilação mecânica (Baixo peso : OR: 0,92; IC95%: 0,52; 1,62; Excesso de peso: OR: 0,90; IC95%: 0,67; 1,19) e nem com óbito (Baixo peso: OR: 0,61; IC95% = 0,31; 1,20; Excesso de peso: OR: 0,88; IC95 %: 0,63; 1,23). Desta forma, o baixo peso e excesso de peso corporal não foram associados de forma independente com desfechos clínicos em pacientes com COVID-19, indicando que a associação entre essas variáveis é confundida por idade e doenças crônicas não transmissíveis.

Palavras-chave

Índice de massa corporal; Coronavírus; Hospitalização; Ventilação mecânica; Mortalidade.

Agradecimentos

Não houve financiamento

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

João Araújo Barros-Neto, Carolina Santos Mello, Sandra Mary Lima Vasconcelos, Gabriel Soares Bádue, Müller Ribeiro-Andrade, Marina Moraes Vasconcelos Petribu, Keila Fernandes Dourado, Nassib Bezerra Bueno