Dados do Trabalho


Título

Desafio diagnóstico da síndrome febril aguda indiferenciada durante a pandemia de COVID-19

Introdução

A síndrome febril aguda indiferenciada (SFAI) é bastante frequente em unidades de emergência, especialmente em regiões tropicais, podendo ser causada por numerosos agentes. Embora seja comumente negligenciada, costuma estar relacionada a morbimortalidade significativa, que pode ser mitigada pela abordagem adequada. A sobreposição dessa síndrome com a pandemia de COVID-19 tem sido causa de preocupação.

Objetivo (s)

O objetivo deste estudo foi determinar a frequência dos agentes etiológicos diagnosticados em casos de SFAI e a identificação de fatores preditores do diagnóstico etiológico.

Material e Métodos

Estudo transversal realizado entre mai/2019 e set/2020, envolvendo usuários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Cristo Redentor, em Fortaleza. Os critérios de inclusão foram a presença de febre com duração entre 24 horas e 7 dias e a ausência de foco infeccioso evidente. Dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais foram obtidos mediante entrevista estruturada. Amostras sanguíneas foram testadas por métodos moleculares (RT-PCR) para os vírus de dengue (DENV), zika (ZIKV), chikungunya (CHIKV) e COVID-19 (SARS-COV 2), além de PCR para leptospirose (Leptospira spp.).

Resultados e Conclusão

Foram avaliados 310 indivíduos febris e identificados 98 casos de SFAI. Os agentes detectados foram o DENV em 29 (29,6%) e Leptospira spp. em 1 (1,0%). Os sorotipos detectados foram: DENV1 3 (10,3%), DENV2 20 (69,0%) e DENV3 3 (10,3%). Todas as amostras foram negativas para CHIKV, ZIKV e SARS-COV 2. Houve divergência significativa entre os iniciadores usados para o DENV, com variação entre os sorotipos. A maioria dos casos 68 (69,4%) permaneceu sem diagnóstico. Apenas a mialgia (p = 0,026) e a trombocitopenia (p = 0,022) foram associadas ao diagnóstico de dengue. A sensibilidade do diagnóstico clínico de dengue foi de 51,7% e a especificidade de 72,7%. O DENV continua sendo o agente etiológico mais comum em casos de SFAI, embora tenha sido diagnosticado em uma minoria de casos. Foram detectados casos de DENV3, indicando o retorno da sua circulação. Divergência no diagnóstico molecular de dengue pode indicar interferência de variabilidade genética. Grande proporção de casos sem diagnóstico indicam a possível circulação de outros agentes etiológicos. O SARS-CoV-2 pode ter sido responsável por parte dos casos de SFAI, visto que a coleta de amostras respiratórias não estava prevista no estudo. O diagnóstico clínico parece apresentar baixa acurácia no diagnóstico diferencial da dengue.

Palavras-chave

Dengue; COVID-19

Agradecimentos

Fundação Edson Queiroz

Área

Eixo 08 | Arboviroses

Autores

Tarcylio Esdras de Almeida Rocha, Thaís Leão Saraiva Cunha, Léo Santiago, Daniela Cristina Sensato Monteiro, Rasmik Boyadjian Gomes, Lucas Amauri Alexandre, Maria Clara Correia Fortes, Thiago Maciel Valente, Maria Ivonildes Gomes Rios Vital, Danielle Malta Lima, Jeová Keny Baima Colares