Dados do Trabalho


Título

Diferenças no perfil do abandono do tratamento de tuberculose nos estados mais incidentes do Brasil no período de 2011 a 2019

Introdução

O tratamento da tuberculose (TB) é longo, complexo, realizado por uso de medicamentos combinados. As baixas taxas de cura e o elevado abandono do tratamento convergem para a manutenção da incidência desta doença pelo mundo e favorece a resistência medicamentosa. O Brasil está aquém das metas da Organização Mundial da Saúde para o controle da TB, especialmente por seus níveis elevados de abandono do tratamento.

Objetivo (s)

Identificar as diferenças no perfil do abandono do tratamento de TB no Brasil, no período de 2011 a 2019, nos cinco estados mais incidentes de cada região.

Material e Métodos

Estudo epidemiológico transversal retrospectivo, com dados secundários dos casos novos de TB de janeiro de 2011 a dezembro de 2019. Por meio da análise da taxa de incidência de casos novos de TB por 100 mil habitantes, foram identificados os estados mais incidentes. O perfil de abandono do tratamento foi comparado entre os estados mais incidentes em cada grande região do Brasil. Utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson, com respectiva análise de resíduo, ao nível de significância de 5% para comparar o abandono nos estados e identificar as categorias com excesso de ocorrências.

Resultados e Conclusão

Os estados mais incidentes em cada região foram Amazonas (AM – Norte), Pernambuco (PE – Nordeste), Rio de Janeiro (RJ – Sudeste), Rio Grande do Sul (RS – Sul) e Mato Grosso (MT – Centro-Oeste); destes, o maior percentual de abandono ocorreu no RS. Em território nacional, o abandono mostrou pouca variação, mantendo-se constante. Os seguintes grupos apresentaram associação significativa ao abandono em todos os estados selecionados: sexo masculino, faixa etária de 20-39 anos, população preta e parda, escolaridade de 5-9 anos, pacientes com agravos associados (HIV-AIDS, alcoolismo, outros) ou que não realizaram tratamento diretamente observado. As diferenças entre os casos significativos de abandono nestes estados são: faixa etária de 15-19 anos em AM, RJ e MT; sexo feminino em RS; escolaridade acima de 10 anos em AM, RJ e MT; privados de liberdade em AM, RJ e RS; e pacientes não bacilíferos em PE. Mesmo com as políticas públicas empregadas, o abandono do tratamento da TB permanece sendo um problema de saúde brasileiro. Apesar das semelhanças entre os estados, as características do abandono de cada um não representam os dados nacionais, carecendo de um olhar individualizado para cada realidade.

Palavras-chave

Tuberculose, Perfil Epidemiológico, Aderência ao Tratamento Medicamentoso, Desistência ao Tratamento

Agradecimentos

CAPES

Área

Eixo 13 | Tuberculose e Outras Micobactérias

Autores

Fernando Lopes, Júlia Fialho Cauduro, Dinah Carvalho Cordeiro, Maria Jacirema Ferreira Gonçalves