Dados do Trabalho
Título
Lesões cutâneas em cães com leishmaniose canina por Leishmania infantum atendidos no Ambulatório de Leishmanioses Zoonóticas da UFBA
Introdução
A leishmaniose canina (LCan) por Leishmania infantum é uma doença zoonótica vetorial, sistêmica e crônica, que pode levar o cão ao óbito quando não há tratamento adequado. No Brasil, L. infantum é o principal causador da LCan e da leishmaniose visceral humana. Inúmeros estudos demonstram que até 90% dos cães com LCan apresentam alguma alteração cutânea como único sinal clínico ou somado a outros. Onicogrifose, dermatite ulcerativa, esfoliativa e/ou papular/nodular são lesões tipicamente observadas na LCan. Em cães, o parasito apresenta alto tropismo pela pele, onde replica e induz um intenso infiltrado inflamatório. Como consequência, os cães desenvolvem lesões de pele que intensificam a doença sistêmica e agravam o quadro clínico. Além disso, L. infantum compromete a imunidade do cão, propiciando infecções secundárias na pele e agravando a doença, o que, em seu turno, favorece altas cargas parasitárias e, portanto, alta infecciosidade ao vetor.
Objetivo (s)
Descrever as características morfológicas e frequência de lesões tegumentares apresentadas ao exame físico de cães com LCan.
Material e Métodos
Foram examinados 76 cães de ambos os sexos, diversas raças e idades de 5 meses a 15 anos, atendidos no ALZ/UFBA entre outubro/2021 e fevereiro/2023; as lesões tegumentares observadas foram caracterizadas conforme a literatura.
Resultados e Conclusão
Todos os 76 cães (100%) com LCan avaliados no estudo apresentavam lesões dermatológicas. Observaram-se alopecia em 55% (42/76) dos cães; crostas em 52% (40/76); lesões ulcerativas em 42% (32/76); onicogrifose em 50% (38/76); descamação furfurácea em 46% (55/76); hiperqueratose em 39% (30/76); dermatopatia por vasculite em 25% (19/76); despigmentação nasal em 17% (13/76); e nódulos cutâneos em 15% (12/76). Em menor frequência, houve alopecia periocular em 15% (12/76) dos cães e pápulas em 1,3% (1/76). Além disso, o prurido foi uma manifestação constatada durante o atendimento e também informada na anamnese. O prurido estava presente em 20% (15/76) dos cães estudados. Houve lesões no sistema tegumentar em todos os cães atendidos no ambulatório no intervalo estudado, o que ilustra o fato de que em cães a leishmaniose causada por L. infantum não é apenas uma doença visceral, mas que também cursa com diversas manifestações dermatológicas; os médicos veterinários devem dominar o conhecimento sobre dermatopatias na LCan para atuar adequadamente no tratamento e prevenção da transmissão da infecção ao vetor.
Palavras-chave
Cão; Dermatoses; Tegumento; Zoonose.
Agradecimentos
CNPq, FAPESB, PAEXDOC-UFBA
Área
Eixo 06 | Protozooses
Categoria
Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Graduado
Autores
Hilana Santos Sousa Oliveira, Fabíola Teixeira Andrade, Felipe Rocha Ferraz, Thamires Carvalho da Luz, Geise Viviany Mertins Sousa, Camila Fraga da Costa, Michele Lipphaus Pinheiro, Elisângela Nascimento Silva, Daniela Farias Larangeira, Flaviane Alves Pinho, Stella Maria Barrouin-Melo