Dados do Trabalho

Título

Caracterização epidemiológica da coinfecção por Leishmaniose Visceral e HIV entre os anos de 2010 a 2021, no estado da Bahia

Introdução

A coinfecção entre Leishmaniose e a Síndrome da Imunodeficiência Humana (HIV) é considerada um quadro infeccioso emergente com importante impacto na saúde pública em diversas regiões do Brasil. A Leishmaniose Visceral (LV) causa uma potencial imunossupressão no indivíduo infectado e, dessa maneira, é a forma clínica mais associada e estudada em coinfecção com HIV, em hospedeiros humanos. No estado da Bahia, há uma sobreposição geográfica entre o número de casos das duas doenças, mas poucas informações epidemiológicas são descritas na avaliação dessas coinfecções.

Objetivo (s)

Caracterizar o perfil epidemiológico dos indivíduos coinfectados com LV e HIV na Bahia entre os anos de 2010 a 2021.

Material e Métodos

O presente estudo consiste em uma análise ecológica mista através dos dados do Sistema de Informações de Agravos e Notificações (SINAN). No sistema, foram identificados dados correspondentes a números de casos, evolução da doença e informações sociodemográficas, como município de residência, escolaridade, raça, sexo e idade dos indivíduos notificados com a coinfecção na Bahia, entre os anos de interesse. As informações foram organizadas em planilhas e o controle de qualidade e a análise de dados foram feitos através de ferramentas da bioestatística.

Resultados e Conclusão

Foram notificados 104 casos relacionados à coinfecção entre LV e HIV na Bahia entre os anos avaliados. Em 2010, foi observado um crescimento superior a 100% dos casos nos anos anteriores disponíveis no banco de dados (2007-2009). Tal elevação procedeu nos anos seguintes de modo que, em 2020, foi contabilizado o maior número de casos (12,5%, n= 13) em toda a década. O município de Guanambi apresentou o maior número de casos entre os anos investigados (9,6%, n=10), seguido por Juazeiro (7,6%, n=8) e Salvador (5,7%, n=6). Foram acometidos, predominante, indivíduos na faixa etária de 40-59 anos (40%, n=38) , majoritariamente do sexo masculino (73,9%, n= 71) , escolaridade correspondente ao ensino fundamental incompleto (30%, n=27) e raça registrada como parda (62,5%, n=60).
O cenário epidemiológico da coinfecção por LV e HIV, na Bahia, revela dados que reforçam a necessidade de maior atenção à subnotificação da coinfecção. Essa realidade torna-se ainda mais alarmante quando somada à dificuldade de diagnóstico e tratamento das respectivas doenças. Caracterizar o perfil epidemiológico da coinfecção é fundamental para a promoção de ações relacionadas à saúde pública.

Palavras-chave

Leishmaniose, HIV, epidemiologia, coinfecção, Bahia.