Dados do Trabalho


Título

Análise do potencial de adaptação do Oropouche orthobunyavirus ao vetor Aedes aegypti através de evolução experimental in vivo.

Introdução

Existem diversos fatores que favorecem o surgimento e disseminação de arbovírus emergentes e reemergentes, levando a um risco de novas epidemias. Dentre esses fatores estão as mudanças climáticas, urbanização e desmatamento, fluxo de pessoas entre países, falta de vacinas e tratamentos eficazes, resistência a inseticidas e falhas no controle de vetores. O Brasil contempla muitos desses fatores e é, portanto, um país favorável para a existência e manutenção de arboviroses. Dentre os diversos arbovírus presentes no país está o Oropouche orthobunyavirus (OROV), que desde a década de 60 é responsável por causar diversas epidemias na região da Amazônia Brasileira e em países como Peru, Panamá e Trinidade e Tobago. No entanto o conhecimento sobre os vetores da doença é limitado, o que dificulta a compreensão sobre a possibilidade desse arbovírus se manter em um ciclo exclusivamente urbano. Em trabalho anterior, avaliamos a competência vetorial de Aedes aegypti ao OROV, e concluímos que esse culicídeo é refratário a infecção quando alimentado via oral, porém se a barreira do intestino for superada o vírus é capaz de se replicar e ser transmitido a hospedeiro vertebrado. Isso indica a possibilidade do Ae. Aegypti se tornar um vetor competente para transmitir OROV, o que poderia resultar na emergência e manutenção desse arbovírus em ciclos totalmente urbanos, bem como a expansão geográfica para outras partes do mundo.

Objetivo (s)

Avaliar o potencial de adaptação do OROV ao vetor Ae. aegypti através de evolução experimental in vivo.

Material e Métodos

Ae. aegypti foram infectados com OROV através de injeção intratorácica. Aos 10 dpi os mosquitos foram expostos a camundongos AG129 para realizar o repasto sanguíneo. Após 4 dias o sangue dos camundongos foi coletado, centrifugado e o soro injetado em novos mosquitos Ae. aegypti não infectados. Esse ciclo foi realizado 10 vezes. Ao final as amostras foram submetidas a extração e RT-qPCR e enviadas para sequenciamento. Também fizemos um teste oral a fim de observar se o vírus sofreu alguma mutação que favorecesse uma infecção por via oral.

Resultados e Conclusão

Após a 10ª passagem nenhum mosquito (n=72) se infectou por via oral, indicando que não houve adaptação suficiente que levasse a uma infecção. No entanto, estamos realizando sequenciamento das amostras após as 10 passagens no Ae. Aegypti para avaliar o efeito sobre a variabilidade genética, bem como possíveis mutações que possam indicar uma evolução e adaptação a um novo vetor.

Palavras-chave

Ae. aegypti; OROV; adaptação; arbovirus

Agradecimentos

CAPES

Área

Eixo 08 | Arboviroses

Autores

Silvana Faria de Mendonça, Fernanda Oliveira Rezende, Lívia Victória Rodrigues Baldon, Álvaro Gil Araújo Ferreira, Luciano Andrade Moreira