Dados do Trabalho

Título

INFECÇÃO POR TRYPANOSOMA MINASENSE EM MACACO-PREGO-NEGRO SAPAJUS NIGRITUS EM ÁREAS DA MATA ATLÂNTICA DO RIO DE JANEIRO

Introdução

O gênero Trypanosoma inclui parasitos encontrados em primatas não-humanos (PNHs), como T. minasense, considerado exclusivo de PNHs cujo vetor ainda é desconhecido. Os PNHs, em especial Sapajus nigritus, podem apresentar comportamento generalista, predispondo-os à exposição a parasitos presentes em diferentes habitats.

Objetivo (s)

Este trabalho objetiva diagnosticar infecção por tripanosomatídeos em S. nigritus.

Material e Métodos

Vinte e três S. nigritus de vida livre, capturados em três municípios do Rio de Janeiro entre 2015 e 2018, foram examinados através da coleta de sangue venoso para confecção de esfregaço sanguíneo e gota espessa (posteriormente corados com Giemsa) e inoculação em meio Nicolle, Novy e Mc Neal (NNN) para diagnóstico parasitológico e obtenção de coágulo para diagnóstico molecular. O DNA extraído foi submetido à reação de Nested-PCR tendo como alvo a região 18S do rDNA de tripanosomatídeos. Os produtos foram submetidos à eletroforese e as amostras positivas foram sequenciadas pelo método de Sanger, sendo a identificação da espécie realizada por comparação com sequências de referência depositadas no GenBank utilizando-se o algoritmo BLAST, de modo a considerar 99% como taxa mínima para cobertura e identidade.

Resultados e Conclusão

Formas tripomastigotas foram observadas nas lâminas de 52,2% dos PNHs (12/23), das quais 47,8% (11/23) apresentavam morfologia compatível com T. minasense: formas largas com expressiva membrana ondulante. As hemoculturas foram negativas, sendo este achado coincidente com a dificuldade em cultivar T. minasense reportada na literatura. As reações de PCR de 19 animais (82,6%) resultaram em amplificação de bandas na altura esperada entre 450 e 650pb, indicando infecção por tripanosomatídeos. Até o presente, cinco destas amostras foram submetidas ao sequenciamento e as análises revelaram T. minasense em todas. Uma delas procedeu de um S. nigritus cuja lâmina possuía flagelado semelhante à T. minasense, indicando parasitemia patente. S. nigritus apresenta extensas áreas de vida, dieta onívora, podendo dedicar grande parte do tempo diário a atividades de deslocamento e forrageio. É provável que tais aspectos favoreçam o contato deste PNH com artrópodes potenciais vetores desse parasito e ajudem a explicar a elevada taxa de infecção observada. Ao final do estudo, pretende-se correlacionar os resultados obtidos com aspectos ecológicos e ambientais para se melhor compreender a interação entre PNHs e tripanosomatídeos.

Palavras-chave

Tripanosomatídeos, Primatas não-humanos.

Agradecimentos

CAPES e FAPERJ.