Dados do Trabalho

Título

Descrição epidemiológica dos primeiros óbitos com infecção pelo vírus Mpox no Brasil em 2022

Objetivos(s)

Descrever os três primeiros óbitos com infecção pelo vírus Mpox no Brasil em 2022.

Relato do Caso

Identificou-se três óbitos ocorridos em 28 de julho, 14 e 29 de agosto de 2022, em homens com diagnóstico confirmado para Mpox por PCR em tempo real a partir de amostras de lesões de pele. Idades de 41 anos 36 e 33, respectivamente. Todos eram soropositivos para HIV e imunossuprimidos, com histórico de não adesão ou início tardio à terapia antirretroviral. Todos sem histórico de viagem para o exterior, classificados como casos autóctones. Dois eram homens que faziam sexo com outros homens, com histórico de contato íntimo sexual 21 dias antes dos sintomas; enquanto o outro, heterossexual sem exposição identificada. Todos desenvolveram erupção cutânea disseminada pelo corpo com inflamação grave. Comorbidades encontradas: doença renal crônica (1/3), transplante renal (1/3), sarcoma de kaposi (1/3), linfoma de grandes células B (1/3) e tuberculose (1/3). Sinais e sintomas mais frequentes: febre (3/3), astenia (3/3), adenomegalia (3/3), linfadenopatia localizada (3/3) e erupção cutânea (3/3). Nenhum dos casos teve acesso ao tratamento antiviral para Mpox. Um isolado viral foi submetido à caracterização genômica, pertencendo ao clado da África Ocidental.

Conclusão

Os óbitos ocorreram em homens que possuíam comorbidades e histórico de abandono ou início tardio do tratamento para HIV, o que pode ter colaborado com o agravamento do quadro clínico. Diante desse cenário, ressalta-se a necessidade de testagem para HIV e contagem de células CD4+ em indivíduos com Mpox, além de acesso à vacina para o público de risco, contribuindo para a redução da morbimortalidade. Recomendou-se o monitoramento de casos graves de Mpox a fim de oportunizar tratamento antiviral para o controle da infecção.