Dados do Trabalho


Título

Ocorrência de leishmaniose canina por Leishmania infantum em abrigo localizado na Região Metropolitana de Salvador, Bahia, Brasil

Introdução

As leishmanioses são endemias zoonóticas causadas por protozoários do gênero Leishmania sp. de grande importância na Saúde Única. Os cães são considerados os principais reservatórios urbanos da Leishmania infantum. Em ambientes onde o vetor Lutzomyia longipalpis é endêmico, a presença de cães infectados é um fator de risco de transmissão do parasito para o vetor e demais mamíferos, inclusive humanos. Abrigos de proteção animal são tipicamente locais de concentração de cães de origem desconhecida, nos quais a ocorrência da leishmaniose canina (LCan) torna-se preocupante. Abrigos situados em áreas endêmicas para o protozoário podem estar expostos a altas taxas de transmissão entre os cães assistidos.

Objetivo (s)

Avaliar a ocorrência da infecção por L. infantum em cães de um abrigo em Lauro de Freitas, município que compõe a Grande Salvador.

Material e Métodos

O abrigo era situado em uma comunidade quilombola, localizada no município de Lauro de Freitas e foi estudado de julho/2020 a outubro/2022. O abrigo chegou a conter 360 cães, dos quais 96 foram avaliados, tendo sido critérios de inclusão idade >6 meses, não prenhes e comportamento pacífico. O exame físico foi realizado nos cães incluídos no estudo, e amostras de baço foram colhidas para diagnóstico da infecção por L. infantum por meio da PCR. Aplicou-se teste qui-quadrado (p< 0,05), nas variáveis de interesse.

Resultados e Conclusão

Dentre os 96 cães avaliados, a maioria era de fêmeas (58,3%; 56/96), sem raça definida (95,8%; 92/96), adultos (83,3%; 80/96) e 22,9% (22/96) estavam infectados por L. infantum. Os sinais clínicos mais frequentes foram lesões de pele (86,3%; 19/22) focais ou difusas, caracterizadas por alopecia, crostas e úlceras, seguidas por linfadenomegalia (68,2%; 15/22) e esplenomegalia (63,6%; 14/22). Houve associação entre infecção por L. infantum e ocorrência de alopecia (P< 0,0001; OR=11,47; IC=3,755-35,05), úlceras (P=0,0152; OR=3,33; IC=1,229-9,038), onicogrifose (P=0,0006; OR=6,25; IC=2,044-19,11), descamação (P=0,0006; OR= 6,25; IC=2,044-19,11), vasculite (P=0,0453; OR=2,686; IC=1,003-7,189) e palidez (P=0,0008; OR=7,20; IC=2,045-25,35). A alta endemicidade da LCan encontrada no abrigo reforça a necessidade de testagem de cães e atuação médico-veterinária adequada. Abrigos podem ser úteis à Vigilância Sanitária como sentinelas para estimar a ocorrência da LCan em áreas endêmicas.

Palavras-chave

PCR, cães, leishmaniose, canil, abrigo.

Agradecimentos

PAEXDOC-UFBA (Ed. 2022/ SIATEX Nº 11792, FAP; Nº 23846/Nº 11436, SMBM); CNPq (PQ-CNPq Nº 312022/2021-2, S.M.B.M.).

Área

Eixo 06 | Protozooses

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Thamires Carvalho da Luz, Laiza Menezes Santos, Geise Viviany Martins Sousa, Michele Lipphaus Pinheiro, Gabriela Silva Santos Barbosa, Daniela Farias Larangeiras, Stella Maria Barrouin-Melo, Flaviane Alves Pinho