Dados do Trabalho

Título

Prevalência da hepatite E em candidatos à doação de sangue e pacientes portadores de HIV, doença inflamatória intestinal (DII) e cirróticos (DCPF)

Introdução

A hepatite E é uma doença negligenciada no Brasil e os poucos dados disponíveis são de grupos de pesquisa que estimam a prevalência da infecção em diferentes populações.

Objetivo (s)

O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de infecção do HEV em candidatos a doação de sangue e pacientes portadores de HIV, doença inflamatória intestinal (DII) e doença crônica parenquimatosa do fígado (DCPF) e avaliar os fatores associados à exposição.

Material e Métodos

Os participantes foram recrutados na Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA) e no Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES, UFBA). Dados sociais, econômicos, ambientais e clínicos foram coletados através de entrevistas e revisão dos prontuários médicos. Uma amostra de sangue foi coletada por venopunção para a pesquisa dos anticorpos anti-HEV IgM e IgG (Wantai) e detecção do HEV-RNA (RealStar HEV RT-PCR Kit 2.0, Altona). Todas essas informações foram registradas em um sistema de banco de dados REDCap protegido por senha e com acesso exclusivo à equipe da pesquisa. As análises descritivas e de associação foram realizadas no software EpiInfo v. 7.2.3.1 (CDC).

Resultados e Conclusão

Ao todo foram recrutados 755 voluntários: 466 candidatos à doação de sangue, 153 portadores de HIV, 86 DII e 50 DCPF. Exames sorológicos foram realizados em todas as amostras, e 60 apresentaram resultados reagentes para anti-HEV IgG (8,0%; IC 95% 6,1% - 10,1%), porém nenhuma amostra apresentou resultado reagente para anti-HEV IgM e detectável para HEV-RNA. A soroprevalência do anti-HEV IgG não variou significativamente entre os candidatos a doação de sangue aptos e inaptos nem entre os grupos de pacientes. Entretanto, a soroprevalência do anti-HEV IgG entre os candidatos a doação de sangue teve o seu pico na quarta década de vida, e decai nos anos seguintes, comportamento visto diferente nos grupos de pacientes em que observamos um aumento do anti-HEV IgG naqueles com mais de 60 anos de idade. Além da idade, a soroprevalência foi associada com histórico de aborto espontâneo, renda abaixo de 3 salários-mínimos, residência prévia no interior do estado, morar em vizinhança onde há criação de porcos e consumir carne de caça. Por fim, todos os grupos foram expostos previamente ao HEV. Aparentemente, os grupos de pacientes adquiriram a infecção em uma idade mais avançada ou foram reexpostos ao HEV ao longo de suas vidas.

Palavras-chave

hepatite E, soroprevalência, imunocomprometidos, candidatos a doação de sangue.

Agradecimentos

Bolsa de IC FAPESB; Taxa de bancada do LPBM.