Dados do Trabalho

Título

Ecoepidemiologia de Leptospira sp em populações humanas, felinas e caninas de comunidades vulneráveis de Salvador

Introdução

A leptospirose é uma zoonose causada por bactérias do gênero Leptospira, responsáveis por, aproximadamente, 60.000 mortes humanas por ano. Embora os principais reservatórios conhecidos em ambientes urbanos sejam roedores sinantrópicos, os animais domésticos também podem favorecer a transmissão da leptospirose no ambiente e a outros animais. Por eles estabelecerem uma estreita relação com os humanos, podem representar um risco para a saúde humana em áreas urbanas com saneamento básico deficiente, e atuar como sentinelas, indicando contaminação ambiental.

Objetivo (s)

Analisar os aspectos ecoepidemiológicos e identificar os fatores de risco associados à soroprevalência de Leptospira em humanos e animais domésticos de comunidades urbanas de Salvador, Bahia.

Material e Métodos

Foi realizado um estudo de corte transversal nas áreas de Marechal Rondon e Pau da Lima entre 2021 e 2023, onde coletamos amostras de sangue de humanos, cães e gatos, que depois foram analisadas por meio do Teste de Aglutinação Microscópica (MAT). Os casos positivos de cães e humanos foram contados a partir de títulos 1:100 e de gatos de 1:50.

Resultados e Conclusão

A soroprevalência de anticorpos anti-Leptospira observada foi de 10.88% (119/1094) em humanos, 29.82% (82/275) em cães e 9.76% (12/123) em gatos, sendo o sorogrupo Icterohaemorrhagiae (sorovar Copenhageni) o mais prevalente nas amostras das três populações, apresentando 81.22% (173/213) das amostras positivas totais. A maior titulação observada foi de 1:51200 em cães, porém, a média de títulos em cães e gatos foi de 1:800, e em humanos de 1:100. As análises estatísticas mostraram que morar em Pau da Lima (OR 1.749 IC 1.13-2.71), ser de sexo masculino (OR 7.813 IC 1.17-2.52) e a presença de quintal no domicílio (OR 1.625 IC 1.09-2.43), incrementam o risco de contrair leptospirose (P <0.05) em humanos. Em animais domésticos, a frequência de visita do CCZ no domicílio (OR -0.740 IC (-1.33) - (-0.15) (cães)) e a ausência de quintal (OR 0.890 IC 0.22-1.6 (cães); OR 9.713 IC 0.56-169.18 (gatos)), diminuem esse risco (P <0.05). Não observamos homogeneidade na sobreposição espacial dos casos, o que indica que a fonte de infecção pode ser diferente. Isso levanta uma preocupação sobre os mecanismos de transmissão da leptospirose entre animais e humanos, e destaca a importância da pesquisa para melhorar as estratégias de prevenção em comunidades vulneráveis

Palavras-chave

leptospirose, soroprevalência, transmissão

Agradecimentos

Aos residentes das comunidades pela participação no estudo, à CAPES e ao MRC pelo financiamento.