Dados do Trabalho


Título

Cães Abrigam Leishmania braziliensis e Podem Participar do Ciclo de Transmissão na Leishmaniose Tegumentar Humana

Introdução

Em um estudo anterior realizado na área endêmica de Corte de Pedra, observamos em 61 animais com lesões cutâneas ou mucosas, que o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) foi positivo para L. braziliensis em 67% dos animais e houve semelhanças genéticas entre o parasito encontrado no cão e nos pacientes com leishmaniose cutânea (LC).

Objetivo (s)

a) Determinar a prevalência e incidência da Leishmaniose Tegumentar Canina (LTC) e da infecção subclínica (SC) por L. braziliensis em cães. b) Avaliar associação entre a ocorrência de LC humana e a presença de cães infectados com L. braziliensis nos mesmos domicílios.

Material e Métodos

Este estudo foi realizado no Povoado de Corte de Pedra, e no Povoado de Nova Esperança, ambos localizados na região sudeste do Bahia, Brasil, onde a LTA causada por L. braziliensis é endêmica. A incidência da infecção canina por L. braziliensis e da LTC foram determinadas pela identificação de cães infectados e de cães doentes no período de um ano na vila de Corte de Pedra. No povoado de Nova Esperança um surto de LTA começou em 2015 e a ocorrência de casos de LTA ainda é alto. Comparamos a ocorrência de LTA em 19 domicílios que possuíam cães com LTC ou infecção SC com 15 domicílios controles sem cães ou sem cães com LTC ou infecção SC. O diagnóstico para detecção da infecção canina foi realizado por PCR e pelo teste sorológico através do ensaio imunoezimático (ELISA).

Resultados e Conclusão

No povoado de Corte de Pedra, de um total de 214 animais avaliado, a prevalência da infecção SC foi de 35% (76/214) e a prevalência da LTC foi de 31% (66/214) e após um ano a incidência da LTC foi de 9,3% e da infecção SC foi de 4,6%. No povoado de Nova Esperança a frequência da LTA em humanos em domicílios com cães infectados foi de 50 % (38/76), enquanto nos domicílios controles foi de 13% (7/56). Indivíduos que vivem em casas com cães com LTC ou cães com infecção SC tem 4 vezes mais chances de ter LC do que outros em domicílios sem cães ou cães que não testaram positivo para LTC (RR=4,00, IC 95% 1,93 – 8,29, p=0,0002). Em uma área de transmissão de Leishmania braziliensis a prevalência da infecção em cães é alta assim como a incidência, sugerindo que o cão pode participar da cadeia de transmissão desse parasito e foi documentada uma associação entre a presença de cães com infecção SC ou doença ativa e a ocorrência de leishmaniose tegumentar humana.

Palavras-chave

Leishmania braziliensis; leishmaniose tegumentar canina; infecção subclínica canina; leishmaniose tegumentar americana humana

Agradecimentos

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Jamile Souza do Lago, Deborah Bittencourt Mothé Fraga, Livia Coelho, Matheus Silva de Jesus, Bruna Martins Leite, Guilherme Loureiro Werneck, Sergio Marcos Arruda, Ednaldo Lima do Lago, Edgar Marcelino de Carvalho, Olivia Amado Bacellar