Dados do Trabalho
Título
O potencial da detecção de Leishmania e Leishmania RNA Vírus 1 em lesões cutâneas e mucosa nasal sadia de pacientes da Amazônia brasileira como prognóstico do desfecho clínico
Introdução
Pacientes diagnosticados com leishmaniose tegumentar podem apresentar disseminação hematogênica de parasitos com potencial envolvimento da mucosa nasal e/ou oral (leishmaniose mucosa - LM). Estudos apontam que a detecção precoce de parasitos na mucosa nasal sadia pode representar um mau prognóstico clínico e um sinal de disseminação. Um dos fatores associados a uma maior chance de desenvolver LM é a presença do endossimbionte Leishmania RNA Virus 1 (LRV1), um potente imunógeno inato associado a persistência e disseminação do parasito. Em Rondônia, além da diversidade de espécies de Leishmania, o LRV1 é detectado em cerca de 30% dos parasitas circulantes: Leishmania (Viannia) spp.
Objetivo (s)
Objetivamos investigar a relação entre a disseminação do parasita e o desfecho clínico com a detecção de LRV1 em pacientes com leishmaniose cutânea localizada (LCL) em três momentos: i) antes do tratamento (D0), ii) na conclusão do tratamento convencional (D20), iii) entre 90 e 180 dias após a conclusão do tratamento (D90).
Material e Métodos
O critério de inclusão foi o diagnóstico parasitológico direto positivo na lesão cutânea. Coletamos amostras da lesão e de mucosa nasal sadia nos três momentos, excluindo lesão cicatrizada em D20 ou D90, para realização de qPCR para Leishmania (18S) e LRV1.
Resultados e Conclusão
O estudo conta com 36 pacientes com o acompanhamento clínico completo até o momento. Em 13 (36,1%) pacientes detectamos Leishmania e/ou LRV1 nas amostras de mucosa sadia no D0, entretanto, apenas 2 não apresentaram a cicatrização da lesão durante o acompanhamento clínico. O LRV1 foi detectado em 13 (36,1%) amostras de lesão cutânea e em 11 (30,5%) amostras de mucosa sadia no D0. Em relação a evolução clínica, 10 (27,7%) pacientes não tiveram a lesão cicatrizada em D90, destes, 9 (90,0%) com alta carga parasitária na lesão e 6 (60,0%) foram LRV1+ no D0. Alta carga parasitária foi observada em 14 pacientes (38,8%), dos quais 8 (57,1%) não cicatrizaram em D90 e 5 (35,7%) foram LRV1+. Os resultados reforçam a importância da carga parasitária e da participação do LRV1 no desfecho clínico da LCL. A presença de parasitas e/ou de LRV1 na mucosa sadia não tem aparente relação com o desfecho clínico no tempo de avaliação. Como a LM é silenciosa até atingir estágios avançados, entender a dinâmica e distribuição da Leishmania e do LRV1 é essencial para direcionar as estratégias terapêuticas, promovendo uma reflexão sobre a adoção de novos esquemas terapêuticos em algumas circunstâncias.
Palavras-chave
Leishmaniose cutânea, LRV1
Área
Eixo 06 | Protozooses
Categoria
NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador
Autores
Cipriano Ferreira Silva-Júnior, Lilian Motta Cantanhêde, Sayonara dos Reis, Renata Bispo dos Santos, Enmanuella Helga Ratier Terceiro Medeiros, Claudino Limeira de Souza, Juan Miguel Vilallobo Salcedo, Gabriel Eduardo Melim Ferreira, Elisa Cupolillo