Dados do Trabalho

Título

Distribuição espacial dos casos novos de tuberculose multidrogarresistente no Brasil, 2013 a 2023

Objetivo (s)

Identificar aglomerados espaciais de alta e baixa intensidade dos casos novos de tuberculose multidrogarresistente (TB-MDR) no Brasil, 2013 a 2023

Material e Métodos

Estudo ecológico dos casos novos de TB-MDR, diagnosticados entre janeiro/2013 a abril/2023, notificados no Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (Site-TB). Calculou-se o total de casos e os coeficientes de incidência por município de residência considerando a população estimada. Utilizou-se a taxa suavizada de Bayes empíricos para atenuar a variância dos coeficientes de incidência brutos. Para identificar os aglomerados de alta e baixa ocorrência aplicou-se a análise Getis-Ord Gi* considerando a incidência suavizada e como unidade de análise espacial os 5.570 municípios brasileiros. Aqueles com valor p<0,05 foram classificados como áreas quentes (incidência de TB-MDR acima da média brasileira) e frias (incidência de TB-MDR abaixo da média brasileira).

Resultados e Conclusão

No período analisado, notificou-se 61.270 casos novos de TB-MDR no Brasil, a região Centro-Oeste apresentou aglomerados de alta ocorrência. As regiões Sul, Norte e Nordeste apresentaram aglomerados quentes em alguns municípios de maior densidade populacional. De 2015 a 2022, todos os estados brasileiros notificaram pessoas com TB-MDR, apontando a necessidade de identificar regiões prioritárias, colocando-as em evidência para ações de vigilância em saúde. De 2016 a 2020, houve uma redução na proporção dos casos com sucesso de tratamento, o aumento na proporção de pessoas que interromperam o tratamento e na proporção de óbitos por tuberculose. Em 2021, na região Centro-Oeste, o número de pessoas com TB-MDR e a proporção de pessoas cujo tratamento da tuberculose sensível foi interrompido aumentaram, isto pode ter refletido no acréscimo de casos de TB-MDR nesta região. Tais dados corroboram com a estratégia programática de adesão ao tratamento, destacando-a como importante ação para o controle das formas resistentes. Ademais, está consolidado na literatura que os indicadores sociodemográficos, como renda, aglomerado domiciliar e territorial influenciam a distribuição da TB-MDR, reiterando-a como um problema de saúde pública que abarca questões sociais e que necessitam de enfrentamento multisetorial. Fatores relacionados ao território e que influenciam no incremento do número de casos de TB-MDR devem ser explorados.

Palavras-chave

Tuberculose resistente a múltiplos medicamentos, análise espacial, epidemiologia

Agradecimentos

Coordenação-Geral de Tuberculose e Micoses Endêmicas