Dados do Trabalho


Título

Análise temporal da taxa de incidência de Leishmaniose Visceral, no Brasil, de 2007 a 2020.

Introdução

A Leishmaniose Visceral (LV) é uma importante doença tropical negligenciada, considerada um grave problema de saúde pública. Anualmente, são notificados 400.000 novos casos e 50.000 mortes, no mundo (ABRANTES et al., 2018; BEZERRA et al., 2018), sendo que o Brasil concentra 96% das notificações da América Latina. No Brasil, os casos são reportados, majoritariamente no nordeste e centro-oeste, porém, a doença vem se expandindo, já sendo relatada em 24 diferentes estados da nação (BRASIL, 2020).

Objetivo (s)

Este estudo tem o objetivo de descrever a tendência temporal da taxa de incidência de LV, no Brasil e nas cinco Regiões, entre 2007 e 2020.

Material e Métodos

Foi utilizado um Modelo de Regressão Joinpont (KIM et al., 2000; NATIONAL CANCER INSTITUTE, 2022) para avaliar a evolução das taxas de incidência bruta de LV, por 100.000 habitantes, nos anos de estudo. Verificou-se os pontos de modificação de tendências, através da variação percentual anual (APC), da média de variação percentual anual (AAPC), e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Considerou-se como unidade temporal os anos de estudo, e espacial o Brasil e as cinco Regiões. O estudo foi realizado com base nos dados individuais da ficha de notificação de LV, do SINAN.

Resultados e Conclusão

Observou-se tendência de diminuição da taxa de incidência bruta de LV no Brasil (AAPC = -5,7), nas regiões Norte (AAPC = -8,0), Sudeste (AAPC = -7,4) e Centro-Oeste (AAPC = -7,0). A região Sul apresentou tendência de aumento na taxa de incidência de LV (AAPC = 11,4) (Tabela 1). Quanto à APC (Figura 1), observou-se tendência de redução da taxa de incidência a partir do ano de 2018 no Brasil (APC = -28,25) e nas regiões Norte (APC = -40,0) e Sudeste (APC = -32,1; este último iniciando em 2017). A região Norte apresenta uma tendência de redução da taxa de incidência nos dados entre 2011 e 2014 (APC = -18,48), porém, logo em seguida, entre os anos de 2014 e 2018 (APC = 17,26), apresenta tendência de aumento na taxa, retornando aos valores anteriores da taxa de incidência. A região Nordeste apresentou AAPC e APC não significativos (Tabela 1 e Figura 1), não sendo possível afirmar existência de tendência, podendo indicar manutenção das taxas. Constatou-se, portanto, que a LV apresentou tendência de diminuição da taxa de incidência bruta no Brasil, nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, manutenção das taxas brutas no Nordeste e aumento no Sul.

Palavras-chave

leishmaniose visceral; análise temporal; Brasil.

Agradecimentos

Fundação Carlos Chagas F. de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ (FAPERJ)

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Júlia Birnie Farias, Maria de Fátima Rodrigues Pereira de Pina