Dados do Trabalho

Título

Epidemiologia e distribuição espacial das infecções causadas por micobactérias não tuberculosas, no Brasil, 2018 a 2022

Introdução

Micobactérias não tuberculosas (MNT) são todas as espécies do gênero Mycobacterium que não pertencem ao complexo M. tuberculosis, nem à espécie M. leprae. Observam-se lacunas no conhecimento sobre descrição epidemiológica das infecções causadas por MNT com relevância epidemiológica para tuberculose (TB) no Brasil, justificando a realização deste estudo.

Objetivo (s)

Descrever as características epidemiológicas e a distribuição espacial dos casos de MNT identificados como diagnóstico diferencial de tuberculose, no Brasil, de 2018 a 2022.

Material e Métodos

Estudo descritivo das notificações de casos de MNT realizadas no Sistema de tratamentos especiais da TB (Site-TB), diagnosticados no período de 2018 a 2022, no Brasil. Foram calculadas as frequências absolutas e relativas das variáveis demográficas e clínicas e analisada a distribuição espacial dos casos por unidades federadas de residência. Os aspectos éticos foram respeitados.

Resultados e Conclusão

Nesse período, foram notificados 3.088 casos, sendo o ano de 2022 o de maior frequência (n=751; 24,3%). Do total, 1.561 (50,6%) do sexo masculino, 1.741 (56,4%) da raça/cor branca, 379 (12,3%) na faixa etária de 60 a 64 anos e 765 (24,8%) com escolaridade de 08 a 11 anos. Um total de 2.546 (82,4%) eram casos novos e 76 (2,5%) casos de mudança de esquema. Quanto ao tipo de resistência, 195 (6,3%) apresentaram monorresistência e 481 (15,6%) tiveram exame positivo para HIV. Dentre os casos, 2.632 (85,2%) apresentaram as formas clínicas pulmonar ou mista. Destes, 1.033 (39,2%) não haviam realizado tratamento prévio para TB/MNT. O esquema de tratamento inicial individualizado foi o mais frequente (2.650; 85,9%). As espécies de MNT predominantes foram M. kansasii (543; 17,6%) e M. intracellulare (352; 11,4%). O estado de São Paulo concentrou a maioria dos casos, com 952 (30,8%) registros, seguido do Rio de Janeiro (535;17,3%) e do Rio Grande do Sul (208; 6,7%). Quanto ao encerramento, 746 (24,2%) estão em tratamento, 688 (22,3%) concluíram o tratamento e 579 (18,8%) curados. A apresentação clínica da infecção por MNT é por vezes semelhante à da tuberculose pulmonar, portanto esta deve ser considerada, especialmente nas situações em que a resposta ao tratamento da TB não for efetiva. A identificação de infecções por MNT é importante para a instituição oportuna de tratamento adequado de modo a garantir desfechos favoráveis, notadamente em pessoas imunodeprimidas.

Palavras-chave

Microbactérias não tuberculosas, Epidemiologia, Distribuição espacial

Agradecimentos

CGTM/DATHI/SVSA/MS