Dados do Trabalho

Título

Infecções por tripanossomatídeos em cães de Campo Grande, Mato Grosso do Sul

Objetivos(s)

O presente trabalho tem por objetivo relatar o parasitismo por tripanosomatídeos em cães residentes em Campo Grande (CG), MS.

Relato do Caso

O diagnóstico foi realizado através da avaliação clínica, hemograma, esfregaço sanguíneo, e molecular (PCR). O Animal 1 da raça Foxhound Americano, jovem, 26 Kg, residente em uma propriedade rural próxima a CG, apresentou anemia hipocrômica evidenciada pelos baixos valores de hemácias (1,91x106/mm3), hematócrito (13%) e hemoglobina (4,7 g/dL), edema de face e trombocitopenia (10 mil/mm3). Foi constatada a presença de flagelados sugestivos de Trypanosoma evansi no esfregaço sanguíneo, comprovados pela PCR. Os Animais 2 e 3 procediam de uma mesma residência, eventualmente frequentavam uma chácara na região periurbana. O Animal 2, SRD, adulto, 16Kg, apresentou anemia hipocrômica evidenciada pelos baixos valores de hemácias (3,88x106/mm3), hematócrito (26%) e hemoglobina (9,0 g/dL), emaciação, edema de face e trombocitopenia (136 mil/mm3). Foi identificada a presença de flagelados sugestivos de Trypanosoma cruzi no esfregaço sanguíneo, comprovados pela PCR. Neste animal, a PCR também revelou coinfecção com Leishmania infantum. O Animal 3, SRD, jovem, 12 Kg, apresentou apatia meses após a manifestação da doença no Animal 2, anemia evidenciada pelos baixos valores de hemácias (3,68x106/mm3), hematócrito (27%) e hemoglobina (9,4 g/dL) e trombocitopenia (120 mil/mm3). A reação de PCR foi positiva para T. cruzi. Como os ciclos de transmissão de T. cruzi e T. evansi são primeiramente silvestres, cães residentes em CG que frequentam o ambiente rural podem se infectar. A presença de edema e trombocitopenia em animais parasitados com T. evansi é um achado característico decorrente de danos ao endotélio vascular em resultado do vigoroso estímulo humoral induzido por este parasita.

Conclusão

Considerando que a presença de T. cruzi e T. evansi nos esfregaços sanguíneos ocorre apenas na fase aguda e nos picos parasitêmicos, respectivamente, nossos resultados alertam os clínicos para resultados falso negativos, quando se utiliza apenas esse teste parasitológico. Ainda, sugerimos o diagnóstico diferencial para tripanossomíases sempre que os cães apresentarem emaciação, anemia e trombocitopenia. Como CG é área endêmica para a leishmaniose visceral, a coinfecção por L. infantum pode estar constituindo um fator de risco à infecção por T. cruzi e T. evansi nos cães.

Agradecimentos

CAPES, CNPq