Dados do Trabalho


Título

Identificação dos repastos sanguíneos de mosquitos (Diptera: Culicidae) em locais de epizootias de febre amarela silvestre na Serra da Cantareira, estado de São Paulo

Introdução

O vírus da febre amarela é transmitido por fêmeas de mosquitos infectadas durante o repasto sanguíneo. Na última epidemia de febre amarela, regiões metropolitanas próximas a áreas de Mata Atlântica foram atingidas, despertando a preocupação de estabelecimento de ciclo enzoótico. Em São Paulo, em 2017/2018, o Parque Estadual Alberto Löfgren teve a população de bugio-ruivo praticamente extinta, mas outras espécies de primatas não-humanos (PNH) de menor densidade resistiram.

Objetivo (s)

Aqui, identificamos as fontes sanguíneas de mosquitos do parque e de outras localidades da Serra da Cantareira.

Material e Métodos

As coletas foram realizadas no período diurno, a partir do pico da epidemia, em dezembro de 2017, até março de 2020, totalizando 130 dias de coleta. Do total de 5001 fêmeas coletadas, 163 possuíam vestígio de sangue no abdômen, que foram individualizadas para detecção da fonte alimentar, com cabeça e tórax separados. Foi utilizada a técnica de sequenciamento por nanoporos com primers mitocondriais, para a identificação dos hospedeiros vertebrados, e primers randômicos, a fim de detectar o vírus amarílico possivelmente presente nas amostras.

Resultados e Conclusão

Foi identificada a fonte alimentar de 107 (65,6%) fêmeas distribuídas em 19 diferentes espécies. Dessas, 54,6% continham sangue de mamíferos, 6,7% continham sangue de aves e 4,3% apresentaram repastos sanguíneos mistos. As espécies de vertebrados detectadas foram: humano, guigó (PNH), cão, gambá-de-orelha-preta, rato-do-mato, urubu-preto, garça e nove diferentes espécies de passeriformes. Os repastos mistos foram humano e cão, e humano e ave. Não foi encontrado sangue de bugio nas amostras. Haemagogus leucocelaenus, reconhecidamente vetor do vírus amarílico, teve uma amostragem de 37 fêmeas com repasto sanguíneo, sendo 35 com sangue humano e 2 com sangue de PNH. Dois espécimes de Haemagogus janthinomys/capricornii, outro vetor conhecido, se alimentaram apenas de sangue humano. Foi detectado vírus amarílico em uma fêmea de Hg. leucocelaenus ingurgitada com sangue humano, sendo a infecção confirmada por RTqPCR, que apresentou resultados positivos em cabeça e tórax, separadamente. Nossos dados alertam para a antropofilia das espécies que atuam no ciclo de transmissão do vírus da febre amarela, principalmente na ausência de bugios. Além disso, os resultados confirmam a circulação do vírus na região estudada e o papel de Hg. leucocelaenus na região.

Palavras-chave

Culicidae, Fonte sanguínea, Febre amarela.

Agradecimentos

Instituto Pasteur, CAPES, CADDE, FAPESP Processo 18/14389-0

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Esmenia Coelho Rocha, Juliana Telles de Deus, Lícia Natal Fernandes, Luis Filipe Mucci, Eduardo Bergo, Mariza Pereira, Marcia Bicudo de Paula, Ian Nunes Valença, Ingra Morales Claro, Ester Cerdeira Sabino, Tamara Nunes Lima-Camara