Dados do Trabalho

Título

FATORES ASSOCIADOS AO DIAGNÓSTICO TARDIO DA HANSENÍASE EM SERGIPE: UM ESTUDO TRANSVERSAL

Introdução

A hanseníase ainda é considerada um problema de saúde pública. Isso se agrava ao observar o demasiado atraso no diagnóstico, que aumenta a probabilidade de danos nos nervos com subsequente incapacidade/deformidade.

Objetivo (s)

Analisar os fatores associados ao diagnóstico tardio da hanseníase em um centro de referência de Sergipe.

Material e Métodos

Estudo transversal referente aos casos de pessoas afetadas pela hanseníase com idade > 15 anos notificadas a partir de 2015 e que estão em tratamento ou em acompanhamento pós-alta no centro de referência para hanseníase localizado em Aracaju, Sergipe. Foi utilizada a análise multivariada de Poisson a fim de determinar a associação da variável desfecho (atraso em meses) e as variáveis categóricas.

Resultados e Conclusão

Um total de 69 pessoas afetadas foram incluídas até o momento, 56,5% homens, 72,4% residem na zona urbana, com mediana de idade (IIQ) de 47 (38,0-61,0) anos, 55,0% se autodeclararam pardos e 55,2% ensino fundamental incompleto. A variável desfecho foi o tempo decorrido desde a apresentação clínica até o diagnóstico (em meses) e é referida como atraso no diagnóstico neste estudo. Com relação aos dados clínicos, 92,7% classificados como multibacilares, 44,9% com a forma dimorfa, 38,8% tiveram dois nervos afetados, 65,3% foram avaliados com o grau 1 de incapacidade física no diagnóstico. 86,9% tiveram reação hansênica, desses 71,6% do tipo 1. Quanto aos fatores relacionados aos pacientes, 62,3% não buscaram atendimento médico ao perceber os sinais e sintomas, onde 74,4% referiram não achar os sinais e sintomas importantes. Além disso, 59 (85,5%) participantes relataram não suspeitar que tinham hanseníase. Os fatores relacionados aos serviços de saúde: 22 (31,8%) chegaram a ser diagnosticados e tratados como outra doença e 69 (100,0%) não receberam o diagnóstico na primeira consulta. Ao realizar a análise multivariada de Poisson, identificou que foram fatores associados para o diagnóstico tardio: a forma clínica neural pura (IRR:21,2; p:<0,005; IC95%: 15,46-29,20); não buscar o serviço de saúde ao perceber o início dos sintomas (IRR:2,3; p<0,005; IC95%:1,92-2,76. Nota-se, portanto, que os fatores associados ao diagnóstico tardio se associam tanto com paciente quanto com os serviço de saúde potencializando, ainda mais, o surgimento de piores prognósticos, como a incapacidade/deformidade.

Palavras-chave

Hanseníase; Diagnóstico tardio; Fatores inviabilizadores