Dados do Trabalho

Título

EFEITO ECOLÓGICO DAS “DIRETRIZES NACIONAIS PARA PREVENÇÃO E CONTROLE DE EPIDEMIAS DA DENGUE (DNPCED)”: USO DE SÉRIES TEMPORAIS INTERROMPIDAS (STI)

Introdução

As ações de controle e vigilância do Aedes aegypti implementadas até hoje no SUS constam no documento de 2009, “Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle de Epidemias da Dengue” (DNPCED). A OMS definiu a letalidade e a incidência de dengue como indicadores para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 2030. Assim, analisar os efeitos imediatos e graduais que modificam o comportamento desses indicadores no tempo é de fundamental importância.

Objetivo (s)

Verificar os efeitos imediatos e graduais das DNPCED nas taxas de incidência (TID) e taxas de letalidade de dengue (TLD) nas diversas regiões do Brasil, utilizando modelagem de STI.

Material e Métodos

O estudo ecológico de STI foi desenvolvido a partir dos dados do SINAN e do SIM. Foram selecionados os casos prováveis de dengue, segundo região de residência e ano de início dos sintomas. A análise de regressão segmentada foi utilizada para avaliar impactos imediatos ou progressivos da intervenção na tendência temporal das TID’s e TLD’s no período conseguinte à publicação das DNPCED (2010-2022), comparando com o período anterior à sua implementação (2001-2009). Para o cálculo dos percentuais de crescimento ou declínio anual (APC) utilizou-se o método de Prais-Winsten e o software RStudio (versão 4.2.0).

Resultados e Conclusão

A análise de STI mostrou reduções imediata de 36,65% (IC95%: -54,02; -12,72) e progressiva de 22,03% (IC95%: -26,19; -17,64) na TLD em relação à tendência subjacente crescente de 28,61% (IC95%: 22,54;34,98) desde a implantação das DNPCED. Este indicador apresentou tendência crescente no período 2001-2009 e mudança de tendência detectada apenas com reduções graduais no período pós-Diretrizes (2010-2022) de 32,13% para as regiões Norte (IC95%: -38,90; -24,60), de 27,75% para o Nordeste (IC95% -32,69; -22,44), de 20,04% para o Sudeste (IC95%: -30; -8,67) e de 18,63% para o Centro-Oeste (IC95%: -23,38; -13,59). Para o Sul, a TLD manteve-se estacionária no período 2001-2009 e não detectável para o período 2010-2022. No Brasil, as TID’s foram de 225,84/100 mil habitantes em 2001, e de 679,90/100 mil habitantes em 2022. A tendência da TID para o Brasil e suas regiões apresentou tendência estacionária no período 2001-2009 com APC 1,52% (IC95% -16,69; 23,74) e a análise de STI não foi capaz de revelar efeitos no período pós-Diretrizes. No entanto, observou-se efeito ecológico de redução gradual das TLD’s no Brasil e regiões (exceto a região Sul) após a publicação.

Palavras-chave

Análises de Séries Temporais Interrompidas; Dengue.