Dados do Trabalho

Título

Mortalidade por doença de Chagas em municípios das cinco macrorregiões do Brasil - projeto CUIDA Chagas

Objetivo (s)

Caracterizar a mortalidade relacionada à DC em municípios das cinco macrorregiões brasileiras participantes do projeto CUIDA Chagas, no período de 2000 a 2021.

Material e Métodos

Estudo ecológico caracterizando o óbito (causa básica ou associada) e reconhecendo internações por DC entre 2000 e 2021, utilizando como base de dados o Sistema de Informação sobre Mortalidade e o Sistema de Informação sobre Hospitalização do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) dos municípios de Igarapé-Miri (PA), Riachão das Neves (BA), Janaúba (MG), Paraúna (GO) e Rosário do Sul (RS). Municípios participantes da pesquisa de implementação do projeto CUIDA Chagas. Foram calculadas as taxas de mortalidade por DC e estratificadas por município, sexo, raça/cor, local de ocorrência e faixa etária, com análise associada das causas de óbitos. O evento internação por DC foi descrito em número e taxa média.

Resultados e Conclusão

Foram registrados 444 óbitos por DC (10,02/100.000 hab.), dentre as quais 85,8% (381) como causa básica. As maiores taxas foram registras nos municípios de Janaúba (255; 57,4%; 17,04/100.000 hab.) e Riachão das Neves (153; 34,5%; 31,07/100.000 hab.). Prevaleceram pessoas do sexo masculino (280; 63,1%; 12,62/100.000 hab.), raça/cor parda (262; 59,0%; 11,12/100.000 hab.) e idade ≥70 anos (145; 32,7%; 69,10/100.000 hab.). Do total de óbitos, 20,9% (93) ocorreram a nível domiciliar. Houve um aumento da mortalidade nos municípios de MG e BA, com maior incremento em Riachão das Neves (168,2%). A “DC com comprometimento cardíaco” foi a principal causa de óbito (causa básica: 322; associada: 393), seguida por “DC com comprometimento do aparelho digestivo” (causa básica: 38; associada: 40). Quando DC foi causa básica, a principal causa associada foi “Insuficiência cardíaca não especificada” (106); quando DC foi associada, as principais causas básicas foram “Infecção por coronavírus, não especificada” (7), “Hipertensão essencial (primária)” (6) e “Acidente vascular cerebral” (6). Dados do SIH-SUS indicam apenas 68 internações por DC no período analisado nos 5 municípios, com taxa média de 1,53/100.000 habitantes.
A DC persiste como problema de saúde pública no Brasil, principalmente em regiões endêmicas. A ocorrência de parcela expressiva de óbitos em ambiente domiciliar e o pequeno número de internações no SUS apontam para possíveis dificuldades de acesso, e impõem como desafio a necessidade de estruturação de Redes de Atenção nestes territórios.

Palavras-chave

Doença de Chagas; Mortalidade

Agradecimentos

UNITAID, Ministério da Saúde - Brasil.