Dados do Trabalho

Título

Contribuição ao conhecimento da fauna culicídea em remanescentes florestais localizados em áreas urbanas do município de Salvador, Bahia, Brasil.

Introdução

Os eventos associados à epizootia de primatas não humanos relacionados à febre amarela, ocorridos entre 2017 e 2018, constituíram ponto de partida para o Centro de Controle de Zoonoses do município de Salvador iniciar as atividades de vigilância entomológica em seu território. No período entre 2019 e 2022, foram realizados levantamentos de fauna culicídea em cinco remanescentes de Mata Atlântica: Jardim Botânico, Parque Metropolitano de Pituaçu, Centro de Triagem de Animais Silvestres, Parque São Bartolomeu e 19º Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro.

Objetivo (s)

Realizar o mapeamento da fauna culicídea nos fragmentos de mata de Salvador, identificando as espécies de importância médica e a sua distribuição espacial, de modo a predizer os riscos de transmissão e/ou emergência de arboviroses.

Material e Métodos

As pesquisas foram realizadas em três dias consecutivos ou alternados, no período entre 8 e 16 horas. Ao final das atividades, os exemplares capturados com tubos aspiradores manuais e puçás foram mortos e devidamente acondicionados até a sua identificação em laboratório, por meio das chaves dicotômicas de Lane (1952), Consoli & Oliveira (1994) e Forattini (2002).

Resultados e Conclusão

Ao todo, foram coletados 3.156 exemplares de mosquitos e identificadas 23 espécies, distribuídas em duas subfamílias, quatro tribos e nove gêneros. As espécies mais frequentes nos levantamentos foram Aedes albopictus, Aedes scapularis, Limatus durhami e Wyeomyia medioalbipes. Importante também destacar o registro de Aedes aegypti, Aedes serratus e Psorophora ferox, espécies conhecidamente veiculadoras de arbovírus. Embora a maioria dos exemplares não tenha alcançado a classificação até a espécie, o gênero Culex obteve significativa representatividade nas pesquisas. O Culex habilitator foi a espécie mais abundante. A presença de Limatus durhami, Wyeomyia medioalbipes, Aedes scapularis e algumas espécies de Culex nos levantamentos demonstra a pressão antrópica exercida continuamente nessas áreas. Dessa forma, o fato desses remanescentes de mata estarem inseridos em área urbana agrava a sua degradação, seja pelo efeito de borda, pela poluição gerada no entorno, ou pelo avanço da população humana aos limites dessas áreas. Percebe-se, portanto, que a fauna culicídea e as características ecológicas associadas a esses remanescentes de mata, reúnem condições positivas que favorecem às interações patógeno-hospedeiro, principalmente no tocante à introdução e manutenção de arbovírus nesses locais.

Palavras-chave

Entomologia, Culicídeos, Vetores.