Dados do Trabalho


Título

Análise diferencial do viroma natural de morcegos da espécie Carollia perspicillata procedentes do município de Peixe-Boi, Pará

Introdução

Segundo o INPE, o município de Peixe-Boi (Pará) apresentava 80,26% do seu território desmatado até 2022. Consequentemente, a aproximação das populações humanas e de animais silvestres pode criar um ambiente propício para a emergência de vírus zoonóticos.

Objetivo (s)

Como parte de um projeto de vigilância metagenômica de vírus em pequenos mamíferos silvestres, propôs-se elucidar as diferenças na composição do viroma natural de quirópteros da espécie Carollia perspicillata em variados órgãos.

Material e Métodos

Entre 25 e 27 de maio de 2016, sete espécimes de C. perspicillata foram capturados no município de Peixe-Boi. Amostras de fígado, cérebro e glândula salivar e um pool com os demais órgãos (baço, linfonodos, coração e pulmões) foram coletados de cada animal. O processamento das amostras se deu a partir da extração de RNA total, seguida pela síntese de cDNA, preparação da biblioteca genômica e sequenciamento pela plataforma NextSeq (Illumina). A análise bioinformática se deu com a remoção de leituras curtas, sequências de adaptadores e leituras referentes ao hospedeiro, seguida do alinhamento contra o banco de dados NR – NCBI.

Resultados e Conclusão

Após inspeção manual para a confirmação da classificação de leituras virais, constatou-se a representação inequívoca das famílias Flaviviridae, Hantaviridae, Bornaviridae e Parvoviridae. O viroma da população representada demonstrou composição diferenciada entre os órgãos analisados. Dentre as leituras atribuídas à família Flaviviridae, o gênero Pegivirus encontrou-se representado em apenas uma amostra de vísceras, com leituras exibindo identidade com vírus associados a morcegos. A família Hantaviridae foi representada em amostras pareadas de vísceras e cérebro por leituras correspondentes aos segmentos M e L de Orthohantavirus e Mobatvirus. As leituras atribuídas à família Bornaviridae, gênero Carbovirus, estiveram presentes em amostras de vísceras e fígado, e apresentam identidade com sequências de vírus recentemente caracterizados (SWCPV e JCPV) os quais infectam serpentes da espécie Morelia spilota. No entanto, também apresentam maior identidade com genes de outros morcegos da família Phyllostomidae, podendo representar elementos virais endógenos. A validação dos resultados encontrados neste estudo preliminar por outros métodos poderá auxiliar no melhor entendimento do viroma natural de C. perspicillata e elucidar mecanismos de transmissão e disseminação da infecção por novos e já conhecidos agentes virais.

Palavras-chave

Metagenômica; viroma; diversidade; morcegos

Agradecimentos

CAPES

Área

Eixo 14 | Outro

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Leonardo Henrique Almeida Hernández, Thito Yan Bezerra da Paz, Sandro Patroca da Silva, Ana Cecília Ribeiro Cruz