Dados do Trabalho


Título

MORTALIDADE POR COINFECÇÃO ENTRE DOENÇAS TROPICAIS NEGLIGENCIADAS E HIV: MAGNITUDE E FATORES ASSOCIADOS NO BRASIL, 2000–2021

Introdução

As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) compõem um grupo de doenças que persistem globalmente, afetando populações vulnerabilizadas. Quando associadas à coinfecção por HIV, contribuem para a piora do prognóstico de sua condição clínica com ampliação do risco para evolução a óbito.

Objetivo (s)

Analisar a magnitude e os fatores sociodemográficos associados a óbitos na coinfecção por DTN-HIV no Brasil, 2000–2021.

Material e Métodos

Estudo transversal, com dados oriundos de declarações de óbito (DO) via Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Foram incluídos óbitos por coinfecção DTNs e HIV/Aids, segundo categorização da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 10ª revisão (CID-10) e registrados no Brasil entre 2000–2021. Os dados foram apresentados em suas frequências absolutas e relativas, com posterior análise por regressão logística para estimar razão de chances de mortalidade - Mortality odds ratio (MOR) com intervalos de confiança de 95% (IC95%).

Resultados e Conclusão

Foram registrados 200.920 óbitos por DTN no Brasil, 12.887 em coinfecção com HIV (6,0%). A maior proporção dos óbitos ocorreu em pessoas do sexo masculino (9.240; 71,7%), faixa etária entre 15–29 anos (7.025; 54,5%), municípios de grande porte (9.491; 73,7%), e tendo os hospitais como principal local de ocorrência (12.525; 97,2%). A Região Norte apresentou maior crescimento na proporção de óbitos ao longo dos anos, superando a região Sul a partir do ano de 2017. Criptococose (8.639; 67,0%) foi a principal DTNs encontrada em coinfecção. A análise por regressão logística ajustada indicou que quando o óbito por coinfecção era do sexo masculino, (MORajustado=1,35; IC95% 1,29–1,42) e da faixa etária entre 15–29 anos (MORajustado=5,23; IC95% 4,68–5,85) havia um risco significativamente aumentado para óbito, assim como para residentes das regiões Sul (MORajustado=1,87; IC95% 1,73–1,90) e Norte (MORajustado=1,42; IC95% 1,33–1,53). Verificou-se proporção significativa de óbitos em coinfecção por DTN-HIV/aids no Brasil. Entre os principais fatores associados à sua ocorrência, inserem-se características relevantes de vulnerabilidade individual e social. A coinfecção aglutina dois grandes grupos de doenças que persistem como problema de saúde pública no Brasil, reforçando a necessidade de implementação de estratégias para garantia de acesso à saúde visando a redução da mortalidade nessas populações.

Palavras-chave

Doenças negligenciadas; Mortalidade; Coinfecção por HIV; Epidemiologia

Agradecimentos

FUNCAP e CAPES

Área

Eixo 14 | Outro

Autores

Taynara Lais Silva, Anderson Fuentes Ferreira, Aymée Medeiros da Rocha, Swamy Lima Palmeira, Melicile Glesil, Thatiana Araújo Maranhão, Ivana Maria dos Santos Aguiar, Alberto Novaes Ramos Jr