Dados do Trabalho


Título

Vigilância dos vírus influenza, circulantes no Brasil, com redução de suscetibilidade aos antivirais durante a pandemia de COVID-19

Introdução

O uso de antivirais é uma importante estratégia para o controle dos vírus influenza (IV). No Brasil, o fármaco anti-IV mais utilizado é o inibidor da neuraminidase (NAI) oseltamivir (OST), Além dos NAIs, a classe dos inibidores de endonuclease dependente de cap, do fármaco baloxavir marboxil (BXM) está ganhando notoriedade ao redor do mundo. No entanto, mutações pontuais podem surgir nos genes que codificam as proteínas-alvo dos antivirais e afetar a eficácia destes compostos, como ocorre com a classe dos adamantanos.

Objetivo (s)

Monitorar o perfil de suscetibilidade ao OST dos IVs circulantes no Brasil e a circulação de IVs carreando mutações associadas à redução de susceptibilidade (RS) aos antivirais entre 2020 e 2023

Material e Métodos

Determinamos o IC50 do OST dos isolados de IV através do ensaio de Inibição de neuraminidase (EINA). Paralelamente, obtivemos sequências genéticas dos IV circulantes no Brasil durante o período de estudo e avaliamos quanto a presença de mutações associadas com a RS aos antivirais nos genes de interesse (PA, NA e M2).

Resultados e Conclusão

Durante o período de estudo, foram testados 59 isolados de IVs, sendo 10 isolados de A(H1N1)pdm09 com mediana de IC50 de 0,18 nM (variando de 0,04 a 0,4 nM), 5 isolados de A(H3N2), que apresentaram mediana de IC50 de 0,06nM (variando de 0,03 a 0,08nM) e 44 isolados de B/Vic apresentando mediana de IC50 de 0,81nM (variando de 0,02 a 4,81nM). Todos os isolados testados foram classificados com susceptibilidade normal ao OST. Além disso, analisamos 2272 sequências de IV, incluindo A(H1N1)Pdm09 (n=351), A(H3N2) (n=1587), e B/Vic (n=334). Destas, detectamos as seguintes as substituições associadas a RS: PA:I38M(n=1) e PA:I38V(n=1) nos vírus A(H3N2). Notavelmente, não detectamos mutações associadas a RS aos NAIs nas sequências analisadas, e todas as sequências de influenza A abrigavam o marcador M2:S31N que confere resistência aos fármacos adamantanos. Essas análises mostraram que a suscetibilidade dos IVs aos NAIs no Brasil permanece normal, indicando que os NAIs permanecem como opção para o tratamento de infecções por IV no país. No entanto, a vigilância da resistência aos antivirais deve ser reforçada especialmente após o início da pandemia de COVID-19. Esses dados podem contribuir para a conduta clínica e políticas públicas de saúde para compra e estocagem de NAIs e aprovação de novos fármacos anti-IV como o BXM no Brasil.

Palavras-chave

influenza; antivirais; resistência; oseltamivir; baloxavir

Agradecimentos

LVRE, GISAID, PGMT, CAPES, SVS, Ministério da Saúde/ Brasil

Área

Eixo 10 | Outras infecções causadas por vírus

Autores

Thiago Sousa, Jessica Martin, Gabriela Oliveira, Beatriz Bonsaver, Michelle Lima, Angela Alexandre, Natalia Valente, Braulia Caetano Costa, Marilda Siqueira, Aline Matos