Dados do Trabalho

Título

Distribuição espacial dos casos de raiva humana no Brasil em diferentes cenários futuros de aquecimento global

Introdução

Em um cenário de mudanças climáticas, as espécies de morcegos têm potencial de expandir seu alcance em resposta as alterações do clima e influenciar as mudanças na distribuição espacial, na dinâmica das populações de morcegos e, consequentemente, nos casos de raiva humana.

Objetivo (s)

Analisar a distribuição espacial dos casos de raiva humana no Brasil em diferentes cenários de aquecimento global e avaliar o impacto na probabilidade de surgimento de novos casos.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo ecológico utilizando a modelagem de distribuição de espécies. Todos os casos de raiva humana notificados no Brasil entre 2001 à 2023 foram georreferenciados pelo município de ocorrência. Dados climáticos referentes à dezenove variáveis bioclimáticas foram obtidos por meio do WorldClim.com os quais foram gerados através de projeções climáticas futuras reduzidas para o CMIP6 do modelo climático regionalizado HadGEM3-GC31-LL para três cenários socioeconômicos futuros de acordo com a emissão de CO2 (SP1-2.6, SSP2-4.5 e SSP5-8.5) para os anos de 2021 à 2100. Para a modelagem foram usados sete algoritmos matemáticos. A escolha dos algoritmos que foram integrados na modelagem final foi feita pela análise dos valores da curva ROC. A seleção das variáveis bioclimáticas para compor o modelo final foi realizada através do desempenho de cada variável explicativa aos sete algoritmos selecionados.

Resultados e Conclusão

As variáveis que se destacaram para explicar a adequabilidade climática para a ocorrência de raiva humana no Brasil foram a sazonalidade da temperatura, temperatura mínima do mês mais frio e sazonalidade da precipitação. O modelo de consenso de adequação climática média para os casos de raiva em humanos teve um valor ROC de 0,90, com sensibilidade de 87% e especificidade de 81%. Locais de alta adequabilidade climática estão nas regiões Norte e Nordeste principalmente. Os resultados para a modelagem de cenários futuros para a raiva humana mostram uma tendência de alteração nas áreas de ocorrência mantendo-se o ritmo atual de aquecimento global, aumento populacional, instabilidade socioeconômica e perda de áreas naturais. O estudo sugere que, para a raiva humana, há regiões no Brasil com maior probabilidade de os fatores climáticos estarem contribuindo para o surgimento de casos e ao avaliar os cenários futuros observa-se uma alteração na adequabilidade climática local que pode levar à redução ou o aumento de casos, dependendo da região.

Palavras-chave

Raiva humana; mudanças climáticas; CMIP6

Agradecimentos

CAPES, Programa Inova Fiocruz, IOC