Dados do Trabalho

Name: 58º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical
Start: 2023-09-10
End: 2023-09-13
Location: Centro de Convenções de Salvador

Título

Anfotericina B intralesional no tratamento experimental da leishmaniose cutânea causada por Leishmania (Viannia) braziliensis

Introdução

O arsenal terapêutico atualmente disponível para a leishmaniose cutânea (LC) é reconhecido como restrito e relacionado à toxicidade significativa, o que justifica a busca por novas abordagens como estratégia prioritária no enfrentamento da doença pela Organização da Saúde. Neste cenário, as terapias baseadas na infiltração intralesional são alvo de grande interesse por, em tese, levarem a uma maior concentração do fármaco no local da infecção, permitindo a redução da dose total utilizada e, consequentemente, menos efeitos tóxicos.

Objetivo (s)

O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficácia da administração de anfotericina B por infltração intralesional para tratamento de LC no modelo experimental.

Material e Métodos

Hamsters machos (Mesocricetus auratus) foram infectados na base da cauda por injeção subcutânea com promastigotas metacíclicas 1x106/200µL de L. (V.) braziliensis. Após o desenvolvimento das lesões, os animais foram divididos aleatoriamente em grupos homogêneos e a eficácia de duas formulações de anfotericina B, desoxicolato (IL-Danf) e lipossomal (IL-Lanf), por administração intralesional foi avaliada ao longo de um experimento de 56 dias de observação, usando diferentes esquemas de infiltração: única (1), semanal (7) ou quinzenal (15), em comparação com antimoniato de meglumina 200mg Sb+5/Kg/dia (AM200) por via intramuscular. Grupo de animais infectados e não tratados foi usado como controle. A resposta clínica foi avaliada pela magnitude da redução do tamanho da úlcera e calculada como a razão entre a média do maior diâmetro da úlcera dos animais em um mesmo grupo, no D56 (dia da eutanásia), e a média do maior diâmetro da úlcera no D1 (primeiro dia de tratamento).

Resultados e Conclusão

A resposta clínica foi, respectivamente, 100% nos grupos IL-Lanf7; IL-Lanf15; AM200, 11,6% no grupo IL-Danf15 e 6,5% no grupo IL-Danf1. Animais tratados com IL-Danf7, IL-Lanf1 e controle não apresentaram redução das lesões cutâneas. Esses resultados sugerem que há diferença entre as duas formulações de anfotericina B em termos de eficácia clínica, quando usadas por infiltração intralesional, e que a IL-Lanf foi tão eficaz no tratamento experimental de hamsters infectados com L. (V.) braziliensis quanto o medicamento referência, antimoniato de meglumina, por via sistêmica (AM200). Essas observações podem subsidiar o planejamento de futuros ensaios clínicos em LC.