Dados do Trabalho

Título

Relação entre soroprevalência e perfil socioeconômico em casos de hanseníase em áreas hiperendêmicas

Objetivo (s)

Analisar o perfil socioeconômico de pacientes soropositivos e soronegativos diagnosticados com hanseníase em ação de busca ativa em áreas hiperendêmicas.

Material e Métodos

Ações de busca ativa foram conduzidas em domicílios e em escolas nos municípios de Imperatriz e São Luís, no Maranhão, e em Marituba, no Pará. Para o diagnóstico, os participantes foram submetidos aos exames neurodermatológico e laboratoriais. A titulação de anticorpos anti-PGL-I por ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay) foi realizada a partir de amostras de sangue dos participantes. A coleta de dados socioeconômicos foi realizada em um formulário eletrônico padronizado contido no software criado denominado Hansys. Utilizou-se o Teste de Fisher para a comparação de variáveis categóricas, com resultados considerados significativos quando p < 0,05.

Resultados e Conclusão

Um total de 474 indivíduos foram avaliados neste estudo. Entre casos índices registrados no SINAN, 11/43 (25,58%) foram diagnosticados como recidivas, assim como 3/224 (1,33%) dos contatos que possuíam diagnóstico anterior. Entre escolares e contatos foram detectados 27/207 (13,04%) e 72/224 (32,1%) casos novos, respectivamente. Em relação ao teste sorológico, 93/385 (24,1%) do total de avaliados foram positivos. Entre recidivas e casos, 3/12 (23%) e 14/79 (17,7%) foram soropositivos, nesta ordem. Cinco de treze (38,4%) casos soropositivos com infecção ativa (casos novos e recidivas) possuíam uma renda familiar de até um salário mínimo. Entre soronegativos, essa proporção foi equivalente a 32/59 (54,2%). Em relação ao abastecimento e tratamento da água, 8/14 (57,1%) dos casos soropositivos consumiam água de poços artesianos ou boca larga. Entre casos soronegativos, 46/64 (71,8%) utilizavam rede de água encanada como fonte de abastecimento. Nenhum método de tratamento prévio da água era utilizado entre 9/14 (64,2%) indivíduos do grupo soropositivo. O tratamento prévio ou a compra de água potável foi relatado entre 46/64 (71,8%) casos soronegativos (p<0.05). Considerando-se as altas taxas de detecção de casos em bolsões de pobreza no Brasil, estudos sobre a correlação entre hanseníase e aspectos socioeconômicos são importantes para se analisar o impacto da vulnerabilidade social para o desenvolvimento e progressão da doença. Desta forma, estratégias de prevenção e controle da hanseníase podem ser traçadas considerando-se sua condição enquanto doença negligenciada.

Palavras-chave

Hanseníase, Busca ativa, M. leprae, Perfil socioeconômico

Agradecimentos

Companhia VALE S.A e à equipe de trabalho