Dados do Trabalho


Título

Transmissão extensiva da variante SARS-CoV-2 BQ.1 em uma população com altos níveis de imunidade híbrida:

Introdução

A variante BQ.1* do SARS-CoV-2 se espalhou globalmente no final de 2022, porém há dados limitados disponíveis sobre a transmissão e gravidade da doença causada por essa variante.

Objetivo (s)

Este estudo teve como objetivo determinar a incidência e gravidade da infecção por BQ.1* em uma população com altos níveis de imunidade híbrida.

Material e Métodos

Como parte de um estudo de coorte de longo prazo na comunidade de Pau da Lima em Salvador Brasil, realizamos um seroinquerito durante a onda de BQ.1* entre 16 de novembro e 22 de dezembro de 2022. Realizamos entrevistas e coletamos amostras nasais para testes de antígeno e RT-PCR do SARS-CoV-2, além de sequenciamento completo do genoma. A incidência cumulativa foi estimada utilizando a positividade do RT-PCR e os valores de limiar de ciclo (Ct - cycle threshold), juntamente com dados externos sobre a positividade do RT-PCR após a infecção, para estimar a probabilidade diária de infecção.

Resultados e Conclusão

Dos 535 participantes da coorte, 54% tiveram exposição documentada ao SARS-CoV-2 e 74% receberam vacinação contra a COVID-19 antes da pesquisa. Entre eles, 79 (14,3%) tiveram teste positivo para o SARS-CoV-2 com a variante BQ.1* identificada em 90,7% das amostras positivas. A prevalência foi maior (32,1%) na semana de 23 a 29 de novembro de 2022. A incidência cumulativa foi estimada em 56% (IC 95%, 36 - 88%). Dos 79 participantes positivos, 38 (48,1%) apresentaram doença sintomática e uma proporção menor deles atendeu à definição de caso sintomático da OMS (47% vs. 70%, p=0,023) e menor frequência de febre (37% vs. 51%, p=0,221) em comparação com casos identificados na coorte em ondas anteriores do Ômicron. Nenhum participante precisou de atendimento médico. A exposição precoce ao SARS-CoV-2 durante a pandemia foi associada a um menor risco de infecção durante a pesquisa (OR multivariada = 0,50, IC 95% = 0,25 - 0,97).
Constatamos que a variante BQ.1* se disseminou amplamente (taxa de ataque de 56%) mesmo com alta imunidade híbrida em nível populacional. A menor gravidade da doença associada à BQ.1*, em comparação com variantes anteriores do Ômicron, contribuiu para uma subnotificação significativa da infecção. Como observado para a BQ.1* neste estudo, a imunidade híbrida pode fornecer uma proteção fraca contra futuras variantes do SARS-CoV-2 e pode não impedir a transmissão generalizada.

Palavras-chave

BQ.1; Omicron; SARS-CoV-2

Agradecimentos

Grupo da Coorte de Pau da Lima: LE.M.M.A. Belitardo, M.O. Fofana, R. Victoriano, J.S. Cruz, L.E.P. Moraes, I.M. Strobel, J.J. Silva, G.S. Ribeiro.

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Juan Pablo Aguilar Ticona, Meng Xiao, Dan Li, Nivison Nery Jr, Matt Hitchings, Mitermayer G. Reis , Federico Costa , Ricardo Khouri , Albert I. Ko , Derek A.T. Cummings , . Grupo da Coorte de Pua da Lima