Dados do Trabalho

Título

Microangiopatia Trombótica em pacientes vitímas de envenenamento botrópico na Amazônia brasileira

Introdução

Envenenamentos por serpentes do gênero Bothrops são caracterizados por distúrbios de coagulação, resultando em eventos trombóticos e sangramentos. A microangiopatia trombótica (MAT) é um evento trombótico caracterizado pela formação de microtrombos na circulação, anemia hemolítica e, possível injúria renal. Na Amazônica brasileira, a espécie Bothrops atrox é a principal responsável por esses acidentes, no entanto, não há estudos sobre a frequência de MAT associada aos envenenamentos botrópicos.

Objetivo (s)

Considerando isso, esse estudo tem como objetivo estimar a frequência de MAT e descrever as alterações hematológicas, bioquímicas e de coagulação associadas e pacientes vítimas de envenenamento botrópico na Amazônia brasileira.

Material e Métodos

Neste estudo, foram avaliados pacientes vítimas de envenenamento botrópicos atendidos na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) de julho/2021 a novembro/2022. Foram coletadas amostras de sangue em T0 (antes da soroterapia), T1 (24h), T2 (48h), T3 (72h) e T4 (sétimo dia) e o diagnóstico de MAT foi definido pela diminuição nos valores de hemoglobina, presença de trombocitopenia e esquizócitos em esfregaço sanguíneo.

Resultados e Conclusão

Dos 80 pacientes incluídos, 10 foram diagnosticados com MAT (frequência de 12,5%). Todos os pacientes com MAT eram do sexo masculino, com idade média de 51 anos. Na admissão, 70% dos pacientes com MAT mostraram incoagulabilidade sanguínea (sem MAT: 58,7%), 20% apresentaram trombocitopenia (sem MAT: 5,7%) e 70% apresentaram leucocitose e neutrofilia (sem MAT: 48,5%), com diminuição contínua no perfil hematológico e plaquetário desses pacientes mesmo após a avaliação em T4 (P=<0,00). Fatores como sangramento no local da picada (P=<0,00), presença de sangue na urina (P=0,03) e desenvolvimento de infecção secundária (P=0,01) estão associados ao desenvolvimento de MAT. Os pacientes com MAT tiveram um tempo de hospitalização significativamente maior e apresentaram valores elevados de creatinina e ureia em T1. Ainda, 40% dos pacientes com MAT apresentaram insuficiência renal aguda (P=0,00). Em conclusão, a MAT é uma complicação frequente nos envenenamentos botrópicos na Amazônia Brasileira, mesmo após soroterapia. Além de estar associada a outras complicações, como infecções secundárias, sangramento sistêmico e insuficiência renal aguda.

Palavras-chave

Bothrops atrox, microangiopatia trombótica, distúrbios sanguíneos, insuficiência renal.

Agradecimentos

Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM)