Dados do Trabalho


Título

Leishmaniose visceral na região Centro-Oeste do Brasil: Distribuição temporal e espacial em um período de 20 anos

Introdução

A região Centro-Oeste representa uma importante área endêmica para leishmaniose visceral (LV) no Brasil, conforme sugerido por estudos que têm avaliado a ocorrência da doença em alguns estados e municípios da área. No entanto, não há abordagens que considerem padrões espaciais da doença em toda a região.

Objetivo (s)

O presente estudo objetivou analisar a distribuição temporal e espacial da LV no Centro-Oeste brasileiro em um período de 20 anos.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo do tipo ecológico. Os dados relacionados à ocorrência de todos os casos novos de LV notificados entre 2001 e 2020 em indivíduos residentes na região Centro-Oeste foram coletados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação. A incidência de LV acumulada no período e anual foi calculada para toda a região, estados e municípios. A estatística de varredura espacial foi empregada para detecção de clusters espaciais de alto e baixo risco para a doença no âmbito dos municípios.

Resultados e Conclusão

No período foram notificados 4987 casos de LV na região, em uma incidência acumulada de 1,7 casos/100.000 habitantes. A incidência anual manteve-se oscilante, porém em altos patamares entre 2002 (8,2 casos/100.000 hab.) e 2012 (11,5 casos/100.000 hab.). De 2013 em diante os valores decresceram paulatinamente até 2020, quando foi o observado o menor valor da série histórica (2,9 casos/100.000 hab.). Os estados de Mato Grosso do Sul (MS) e Mato Grosso (MT) apresentaram desproporcionalmente as maiores incidências ao longo de todo o período, tendo os municípios de Campo Grande (n=1831), Três Lagoas (n=480) e Rondonópolis (n=245) liderado o registro de casos. De fato, foi observado um cluster de alto risco para LV (RR=16,1; p<0,001) composto por 62 municípios localizados na região sul de MT e nas regiões norte, leste e oeste do MS. Um cluster de alto risco (RR=12,1; p<0,001) composto por apenas quatro municípios da região norte de Goiás (GO) também foi identificado. Os clusters de baixo risco concentraram-se em municípios do norte de MT, sul e sudeste de GO e Distrito Federal. Em suma, a LV possui uma distribuição temporal e espacial heterogênea na região Centro-Oeste. A zona de contiguidade dos estados de MS e MT representa uma importante área para a ocorrência da doença, bem como a fronteira entre GO e Tocantins. Tais informações são úteis para um melhor direcionamento de ações de vigilância e controle da doença na região.

Palavras-chave

Análise Espacial; Epidemiologia; Incidência.

Agradecimentos

UFR

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Mateus Gutierrez Martins, Amanda Gabriela Carvalho, João Gabriel Guimarães Luz