Dados do Trabalho


Título

Necessidade da Vigilância de contatos para avaliar o efeito da vacina BCG no adoecimento por COVID-19 em contatos de pessoas acometidos por hanseníase

Introdução

A COVID-19 é doença multissistêmica causada pelo coronavírus (SARS-CoV-2) que pode evoluir para formas graves como a síndrome respiratória aguda grave ou síndrome da resposta inflamatória multissistêmica. De acordo com os dados do Ministério da Saúde (MS), até o dia 3/junho/2023 foram registrados 37.601.257 de casos de Covid-19 no Brasil e 702.907 óbitos. A imunoprofilaxia com vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) intradérmica, utilizada como profilaxia contra as formas graves da tuberculose e hanseníase (MH), apresenta efeito imunomodulador e características protetoras contra infecções virais. A vacina BCG induz imunidade treinada por células imunes inatas que garante memória na resposta imunológica inespecífica heteróloga limitada a período de 3 meses até 1 ano. No controle da MH, é recomendado a vigilância de contatos, isto é, o exame das pessoas do convívio diário dos casos novos. Aqueles não vacinados recebem imunoprofilaxia com BCG. O uso da imunidade treinada produzida pela BCG pode ser útil para a prevenção das formas moderadas e graves da COVID-19 ou mesmo do adoecimento após infecção por SARS-CoV-2.

Objetivo (s)

Avaliar o efeito da vacina BCG intradérmica contra COVID-19 em contatos de pessoas acometidas por MH registradas no Ambulatório Souza Araújo (ASA), referência em MH do MS no Rio de Janeiro.

Material e Métodos

É um estudo observacional quantitativo analítico de corte transversal realizado no ASA, aprovado pelo Sistema CEP/Conep (CAAE 40455520.2.0000.5248). Foram entrevistados, após registro de consentimento e assentimento, pacientes (casos índice - CI) registrados no ASA entre 2018 e 2020, e seus contatos. Foram excluídos menores de 12 anos e aqueles que não compreenderam as perguntas do questionário.

Resultados e Conclusão

Foram entrevistados 38 CI, a maioria homens (60%), negros (70%), que estudaram até o primeiro grau (56%), com 30-49 anos, 41% desempregados ou com trabalho informal. Clinicamente, 58% tinha forma lepromatosa e 50% com alguma incapacidade física. A carga bacilar, medida pelo índice baciloscópico do esfregaço cutâneo, variou entre 0 - 5,75 (mediana = 4). Os pacientes referiram ter convívio com nenhuma até 43 pessoas (mediana=4), dos quais foram examinados de 0-37 (mediana=2) pessoas. A MH acomete adultos jovens de idade produtiva. A vigilância de contatos necessária para o diagnóstico e tratamento precoces da MH é um desafio, principalmente no momento pós-pandêmico.

Palavras-chave

Hanseníase; imunoprofilaxia, Vacina BCG; COVID-19, imunidade treinada

Agradecimentos

Instituto Oswaldo Cruz, CNPq e Fiocruz

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Marayah Sampaio Ruas da Fonseca, Anna Maria Sales, Ximena Illarramendi