Dados do Trabalho
Título
Avaliação in vitro da capacidade infectiva do vírus ZIKV frente à hepatócitos e células estreladas hepáticas
Introdução
Vírus Zika (ZIKV) foi associado a complicações neurológicas em indivíduos adultos e microcefalia em neonatos. Estudos demonstraram a detecção do RNA viral e inflamação severa no fígado de camundongos imunodeprimidos. Sendo assim, há a possibilidade de infecção por esse flavivírus em pacientes com doença hepática pré-estabelecida. As doenças hepáticas crônicas, levam a inflamação crônica hepatocelular que pode evoluir para a fibrose, e as células estreladas hepáticas (CEHs) são as principais envolvidas na síntese de componentes da matriz extracelular.
Objetivo (s)
Assim, avaliamos a capacidade infectiva do ZIKV à hepatócitos e CEHs e suas implicações no reparo hepático.
Material e Métodos
Para tal, utilizamos as linhagens celulares HepG2, LX-2 e GRX após a infecção pelo ZIKV na multiplicidade de infecção (MOI) de 0,1 e a linhagem Vero como controle da infecção viral. Foi realizada curva de crescimento viral one step, para os intervalos de 12, 24, 48, 72, 96 e 120h após infecção. A produção viral foi determinada por titulação pelo método de TCID50 em células Vero. Além disso, uma curva de viabilidade celular para 24, 72 e 120h após infecção, pela técnica de XTT. A infecção foi confirmada pelo Kit molecular ZDC. A citocina pró-fibrogênica TGF-β1 foi quantificada a partir de sobrenadante pelo ELISA.
Resultados e Conclusão
A linhagem HepG2 apresentou os títulos virais mais altos entre as células de interesse, sendo detectável 48h após infecção, atingindo o pico com 96h (5,874×106 TCID50/mL). Para as CEHs, a linhagem LX-2 apresentou título viral detectável 24h após infecção, sendo semelhante durante toda a avaliação (3,491×104 TCID50/mL em média). As células GRX produziram menos partículas virais com média de 1,2×102 TCID50/mL. As células HepG2 e LX-2 apresentaram efeitos citopáticos 120h após infecção como vacuolização e destacamento da superfície e perda de viabilidade severa com média de 40% após esse mesmo período. Já nas GRX não houve diferença entre infectada e controle. Para a citocina pró-fibrogênica TGF-β1 observou-se aumento da produção em todas as linhagens: nas CEHs, a partir de 48h e nos hepatócitos, a partir de 72h. Sendo assim, ZIKV é capaz de infectar as linhagens avaliadas e levar à perda da viabilidade nas células HepG2 e LX-2. Ainda, a infecção pelo ZIKV influencia o processo de fibrogênese, sugerindo que esse vírus pode descompensar doenças hepáticas pré-estabelecidas em pacientes.
Palavras-chave
ZIKV; Células estreladas hepáticas; Reparo hepático.
Agradecimentos
Instituto Aggeu Magalhães/FIOCRUZ, Facepe e CAPES.
Área
Eixo 08 | Arboviroses
Categoria
Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Mestrado
Autores
Juliana Ellen de Melo Gama, Danielle Maria Nascimento Moura, Jéssica Paula Lucena, Alex José de Melo Silva, Cleonilde Maria do Nascimento, Cícero Jádson da Costa, Elane Beatriz de Jesus Oliveira, Lindomar José Pena, Sheilla Andrade de Oliveira