Dados do Trabalho

Título

Migração internacional e disseminação da tuberculose no Brasil: análise de áreas de risco espaço-temporais (2010-2021).

Introdução

A migração internacional é um fenômeno social global que pode ter implicações significativas no processo de adoecimento, principalmente nas doenças infecciosas devido às exposições patogênicas ou ambientais ao longo das rotas de trânsito, formas de transporte, indicadores epidemiológicos locais e de destino, potencializando o risco para adquirir determinadas doenças. Na América Latina, onde a migração é um tema muito presente, existem diversas implicações relacionadas à saúde. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), em seu relatório "Migração Global: Desafios e Oportunidades", os imigrantes representam cerca de 3,5% da população global, ou seja, mais de 270 milhões de pessoas em todo o mundo (OIM, 2020).

Objetivo (s)

O estudo objetivou analisar a transmissão e o espalhamento da tuberculose entre migrantes internacionais e refugiados, sob a ótica espaço-temporal.

Material e Métodos

Estudo ecológico realizado no Brasil. Foram incluídos todos os casos de tuberculose notificados em migrantes internacionais entre 2010 a 2021 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foi utilizada a técnica denominada Spatial Variation in Temporal Trends (SVTT) que não busca identificar aglomerados com número alto ou baixo de ocorrência do evento (como na varredura puramente espacial), mas verifica se a tendência temporal está aumentando ou diminuindo em determinadas áreas ao longo do tempo.

Resultados e Conclusão

Entre 2010 e 2021 foram notificados 1.058.488 casos de tuberculose no Brasil, sendo 4037 casos em migrantes internacionais. Com a análise de varredura com variação espacial na tendência temporal para o período em estudo, foi identificado um cluster de risco (RR: 12.14) para a ocorrência de TB em migrantes internacionais, com tendência temporal interna de crescimento 52.01% casos/ano, o dobro da tendência temporal identificada fora do cluster (+25.60% casos/ano). Esse aglomerado foi composto por 35 municípios de fronteira da região Norte do Brasil, com população de 4.723 imigrantes, 44.18 casos esperados e 478 casos observados. O estudo revelou locais de risco para ocorrência de tuberculose nos migrantes. Com base nos resultados, deve-se atentar-se e intensificar a vigilância da TB nestes municípios para que não haja aumento de casos nesta região, alcançando assim as metas da End TB Strategy.

Palavras-chave

Tuberculose, Imigração, Saúde Pública, Epidemiologia, Análise Espacial.

Agradecimentos

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), processo: 140005/2023-4 e processo: 405902/2021-2