Dados do Trabalho


Título

Análise da concordância entre anticorpos IgG anti-S1 e IgG anti-N em estudo de soroprevalência no Brasil

Introdução

A pandemia da doença de coronavírus 2019 (COVID-19), causada pelo SARS-CoV-2, afetou milhões de pessoas em todo o mundo. O vírus SARS-CoV-2 possui duas proteínas essenciais para o mecanismo de infecção, a proteína Spike (S) permite a entrada do vírus na célula hospedeira por ligação ao receptor celular e fusão de membrana; e a proteína nucleoapsídeo (N), responsável por regular o mecanismo de replicação viral.

Objetivo (s)

Na tentativa de desenvolver uma estratégia para diferenciar indivíduos expostos e infectados de indivíduos vacinados, este estudo teve como objetivo avaliar a concordância da resposta imune humoral através da quantificação de IgG anti-S1 e IgG anti-N.

Material e Métodos

Realizamos um inquérito sorológico em Pau da Lima, uma favela da cidade de Salvador, Brasil, de novembro de 2020 a fevereiro de 2021. A população de nosso estudo consistiu em uma subamostra composta por 200 indivíduos selecionados aleatoriamente após a realização de IgG anti-S1 (Euroimmun) em 2.041 indivíduos.

Resultados e Conclusão

Utilizando como referência os parâmetros recomendados pelos kits comerciais para IgG anti-S1 e IgG anti-N, ambos da empresa Euroimmun (Lübeck, Alemanha) [negativo < 0,8; limítrofe: ≥ 0,8 e < 1,1; positivo: ≥ 1,1], encontramos uma taxa de concordância inicial de 69,5% (139 resultados concordantes/200 amostras testadas) com 78 indivíduos positivos para ambos os anticorpos, 61 indivíduos com resultados negativos concordantes e 61 (30,5%) resultados discordantes entre os dois anticorpos . Após novos limites definidos pelo modelo de mistura bayesiana (positivo ≥0,86), a taxa de concordância entre os testes analisados passou para 79,5% (159/200 amostras testadas), 20,5% amostras discordantes (41/200 amostras) e com o índice de concordância permanecendo moderado (k = 0,547). A correlação entre IgG contra as proteínas S1 e N foi de 0,77 (IC: 0,7065 – 0,8209; p < 0,0001) e r2: 0,5925 (p < 0,0001). Esses achados podem apontar para limitações dos ensaios sorológicos ou mesmo sugerir que os anticorpos IgG anti-N não têm a mesma estabilidade que os anticorpos IgG anti-S1. Os dados sugerem que os anticorpos podem ser utilizados para diversas finalidades, enquanto a dosagem de IgG anti-S1 pode ser utilizada para monitorar a resposta imune ao longo do tempo; a quantificação de IgG anti-N poderia auxiliar na detecção de casos de novas infecções e reinfecções, além de monitorar a proteção oferecida pela vacina Coronavac.

Palavras-chave

SARS-CoV-2, sorologia, anticorpos, proteína S1, proteína do nucleocapsídeo

Agradecimentos

NIH; FIOCRUZ; FAPESB; ISC

Área

Eixo 09 | COVID-19

Autores

Emília Maria Medeiros de Andrade Belitardo, Nivison Nery Jr, Juan Pablo Ticona Aguilar, Matt D. T. Hitchings, Jaqueline Silva Cruz, Federico Costa, Mitermayer Galvão dos Reis, Mariam O. Fofana, Derek A. T Cummings, Albert I. Ko