Dados do Trabalho

Título

Paracoccidioidomicose em Rondônia e o impacto da pandemia de COVID-19

Introdução

A Paracoccidioidomicose (PCM) é uma infecção fúngica sistêmica endêmica da América Latina, causada pelo fungo Paracoccidioides spp. Sua incidência estimada é de 1 a 3 casos/100 mil habitantes, a infecção é geralmente adquirida na infância, e a evolução para doença ocorre mais frequentemente em adultos. A forma clínica predominante é a crônica, mas quando acomete crianças ou adultos jovens apresenta-se na forma aguda ou subaguda. Os locais mais acometidos são pulmões, mucosas e gânglios e o diagnóstico é baseado na história clínica e em achados laboratoriais. Por atingir uma população menos favorecida, acredita-se que a pandemia de COVID-19 pode ter afetado o acesso a diagnóstico e tratamento oportunos. Por não se tratar de uma doença de notificação compulsória, estudos que evidenciem dados de infectados na região tornam-se uma importante ferramenta epidemiológica.

Objetivo (s)

Realizar uma avaliação retrospectiva de pacientes diagnosticados com PCM nos últimos três anos, atendidos pelo CEMETRON.

Material e Métodos

Foram incluídos pacientes atendidos de 2020 a 2023, com diagnóstico de PCM. Foram avaliadas variáveis demográficas e clínicas.

Resultados e Conclusão

Foram atendidos nesse período 42 pacientes. O diagnóstico foi baseado em exame micológico direto (MD), histopatológico, achados radiológicos e dados clínico-epidemiológicos. De 16 amostras positivas no MD, 3 pacientes apresentaram positividade à cultura, e aguardam identificação molecular para determinação da espécie. Pertenciam a pacientes do sexo masculino 97,6% das amostras e a idade média dos pacientes foi de 49,8 anos (intervalo: 31 a 65). A maioria era de agricultores (78,5%), 66,6% das amostras foram provenientes de raspado de lesão de pele ou mucosa e 33,3% de escarro. O tempo médio de sintomas foi de 8,1 meses, e 9,9% foram a óbito.
O presente estudo sugere que a PCM pode ser considerada endêmica em Rondônia. As manifestações predominantes foram pulmonares e mucocutâneas, acometendo principalmente pacientes do sexo masculino de meia idade com ocupações vinculadas ao manejo do solo. O elevado tempo entre o início de sintomas e o diagnóstico e tratamento oportunos pode ser mais um impacto da pandemia nesta população. Esses dados fornecem informações importantes para o manejo clínico da PCM em Rondônia. Estratégias devem ser direcionadas para o diagnóstico e tratamento oportunos da PCM neste grupo, contribuindo para o controle da doença no Estado, evitando formas graves e óbito.

Palavras-chave

Paracoccidioides spp.; Micose sistêmica; Epidemiologia; COVID-19