Dados do Trabalho

Título

Avaliação de metodologia diagnóstica para identificação presuntiva de M.leprae e auxílio na detecção e vigilância da hanseníase no sistema público de saúde.

Introdução

A hanseníase (MH) é uma doença crônica, principalmente dermatológica e neurológica, que resulta da infecção pelo Mycobacterium leprae. Novas técnicas para diagnóstico da doença devem ser desenvolvidas, em especial para detecção molecular, como a tecnologia de hibridação reversa em fita. O Genotype Mycobacterium CM é um teste disponível comercialmente, aprovado para uso no diagnóstico bacteriológico de micobacterioses. Uma vez que este teste já é utilizado na rotina diagnóstica, indagou-se se ele funcionaria como uma boa ferramenta para detecção de espécies de difícil identificação como o M.leprae.

Objetivo (s)

O presente estudo objetiva avaliar a aplicabilidade do teste Genotype Mycobacterium CM para o diagnóstico presuntivo da MH utilizando como amostras clínicas fragmentos parafinados de biópsias de pele, coletados rotineiramente na rede de hanseníase, ao invés de amostras de biópsias de pele a fresco, padronizadas pelo kit.

Material e Métodos

Foram selecionadas aleatoriamente 23 amostras clínicas com diagnóstico anatomopatológico de MH. Estas amostras haviam sido rotineiramente enviadas para análise histopatológica no Centro de Patologia do Instituto Adolfo Lutz - SP, coletadas de pacientes em investigação de MH no período de janeiro de 2021 a dezembro de 2022.

Resultados e Conclusão

Duas amostras tiveram diagnóstico histopatológico de MH paucibacilar e 21 de multibacilar. Das 23 amostras avaliadas, 12 (52%) resultaram positivas, todas em amostras multibacilares: 7 para Mycobacterium sp., 4 para M. malmoense e um para M. chelonae. Para confirmar o resultado inesperado para M.malmoense e M.chelonae prosseguiu-se com análise de restrição enzimática do gene hsp65 e com o sequenciamento genético dos 5 isolados, identificando-se M.leprae. O teste Genotype Mycobacterium CM mostrou sensibilidade inferior ao exame histopatológico para a detecção da micobactéria. Além disso, apresentou reação cruzada com outras espécies micobacterianas em 33% (5/12) das amostras positivas, mostrando-se uma ferramenta ineficaz para a identificação presuntiva da MH. Para compreender o erro, seria preciso comparar o alvo que a fita detecta com o sequenciamento obtido e avaliar se, de fato, ele é o mais adequado para a espécie investigada. É preciso prosseguir com a busca por ferramentas diagnósticas, que analisem os materiais clínicos comumente utilizados nos métodos clássicos e que se integrem às metodologias já disponíveis, garantindo o maior controle da doença.

Palavras-chave

hanseníase, Genotype Mycobacterium CM, teste diagnóstico