Dados do Trabalho


Título

Vírus Oropouche em maruins de áreas endêmicas: Análise de infecção por RT-qPCR e histórico de detecção em Culicoides paraensis

Introdução

O vírus Oropouche é endêmico nas regiões tropicais da América e tem como principal vetor a espécie Culicoides paraensis. Devido à escassez de vigilância entomovirológica nessas áreas, são poucas as evidências da transmissão natural de OROV por C. paraensis.

Objetivo (s)

O objetivo do estudo foi investigar a presença de RNA do OROV em amostras de C. paraensis capturados na área urbana de Porto Velho, Rondônia.

Material e Métodos

As capturas ocorreram por Atração Humana Protegida em duas localidades de Porto Velho entre julho/2019 e janeiro/2020. Para a extração de RNA, foi seguiu-se o protocolo de TRIzol™ Reagent, com 3µL do genoma do bacteriófago MS2 como controle positivo interno (CPI). A Reação em Cadeia da Polimerase mediada pela transcriptase reversa em tempo real (RT-qPCR) foi realizada utilizando o Kit comercial TaqMan® Fast Virus 1-Step master mix (Applied Biosystems, EUA). Para a validação da reação foi utilizado como controle positivo uma sequência do OROV de plasmídeo recombinante.

Resultados e Conclusão

Foram capturados 6.079 indivíduos, e deste total, 5.074 insetos (155 pools) foram analisados para infecção natural por OROV. Não houve amplificação da sequência-alvo (OROV) em nenhuma amostra, no entanto, a amplificação do CPI ocorreu em todas as amostras, validando a reação de PCR e os produtos gerados na extração de RNA. O Ct (Cycle threshold) de amplificação do controle positivo de OROV variou entre 22,9 e 23,3 (limiar de detecção abaixo de 38), e do CPI, entre 27,1 e 37,8. Desde o primeiro isolamento do OROV, em 1955, somente 11 amostras de C. paraensis obtiveram resultado positivo para o vírus, por meio de investigação sorológica, sendo estas no estado do Pará: Santarém, 1975 - quatro amostras (25.440 insetos analisados), Tomé-Açu, 1978 - quatro amostras (número desconhecido), Belém, 1979 - uma amostra (21.174 insetos analisados); no estado do Amazonas: Manaus, 1980 - uma amostra (5.848 insetos analisados); e no estado do Maranhão: Porto Franco, MA, 1988 - uma amostra (3.624 insetos analisados). Em 2023, o OROV foi detectado em oito amostras humanas de Rondônia (seis em Porto Velho e duas em Cabixi). Para explicar a não detecção de OROV em amostras de C. paraensis em Porto Velho, é possível inferir a não circulação do vírus na época das amostragens; esforço amostral insuficiente, visto as baixas taxas de isolamento; ou não participação de C. paraensis como vetor ou seu papel secundário na transmissão do vírus.

Palavras-chave

Febre Oropouche, Maruins, OROV, RT-qPCR

Agradecimentos

FAPERO/MS-DECIT/CNPq/SESAU-RO (N°016/2018)

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Luiz Henrique Maciel Feitoza, Flávia Geovana Fontineles Rios, Lucas Rosendo da Silva, Anne Caroline Alves Meireles, Genimar Rebouças Julião, Jansen Fernandes de Medeiros