Dados do Trabalho
Título
REEMERGÊNCIA DA RAIVA HUMANA NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE/MS: UM RISCO PRÓXIMO?
Introdução
A Raiva humana é uma infecção viral grave, com letalidade próxima à 100%. É transmitida através da saliva de animais infectados, principalmente por meio de mordedura. Apesar de ser uma doença imunoprevinível é destaque dentre os problemas de saúde pública e esbarra em limitações ligadas não só ao tratamento, mas também à manutenção de medidas de prevenção e controle. No Brasil, é uma preocupação sanitária devido ao risco de reemergência em áreas com circulação do vírus e com fragilidades nos sistemas de vigilância.
Objetivo (s)
Caracterizar o atendimento antirrábico humano grave no município de Campo Grande/MS.
Material e Métodos
Estudo descritivo e retrospectivo realizado a partir de dados secundários provenientes dos fechamentos dos atendimentos antirrábicos humanos, com necessidade de administração de vacina e soro, realizados nas 10 unidades de urgência e emergência da Rede Municipal de Saúde Pública de Campo Grande/MS, no ano de 2022.
Resultados e Conclusão
Ao todo 10 unidades são responsáveis pela abertura e manejo do Protocolo da Profilaxia da Raiva Humana em Campo Grande, duas delas não possuem estrutura para acondicionamento de imunobiológicos, oito dispõe de vacina e apenas uma de soro e imunoglobulina. Essa, é tida como unidade referência e localiza-se em uma região periférica do município, distante das demais unidades. Dos 5.071 acidentes antirrábicos humanos registrados em 2022, 838 (16,5%) tiveram a indicação de soro. Entretanto, 432 pessoas (51,6%) não o receberam, ou porque não foram até a referência, ou porque foram e o imunobiológico não estava disponível. A maioria dos pacientes (27,3%) que receberam soro foram os com Protocolo aberto na unidade de referência. As unidades mais distantes da unidade de referência tiveram os maiores índices de abstenção. Entre 50 pacientes atendidos na unidade mais distante da referência, apenas 5 (10%) receberam o imunobiológico. A maioria dos pacientes em que foram administrados soro eram adultos, tinham entre 20 e 59 anos (62,8%), do sexo feminino (50,7%) e receberam sua versão heteróloga (58,4%). Não houve registro de reação adversa.
A possibilidade de reemergência de casos de raiva humana em Campo Grande/MS traz preocupação, pois aliado à escassez de soro no cenário nacional e à circulação confirmada do vírus da raiva no município, observou-se que o acesso ao soro pode estar limitado, possivelmente pela localização da unidade de referência, com mais da metade dos pacientes não recebendo a terapêutica indicada.
Palavras-chave
Raiva humana
Vírus da raiva
Epidemiologia
Área
Eixo 10 | Outras infecções causadas por vírus
Categoria
Concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador - Doutorado
Autores
Samara Vilas-Bôas Graeff, Alba Jacqueline do Nascimento Segatto, Lara Critina Benatti, Deisy Adania Zanoni, Sandra Maria do Valle Leone de Oliveira