Dados do Trabalho


Título

Avaliação do perfil virológico de gestante infectadas pelo vírus da hepatite B atendidas em um centro de referência do Rio de Janeiro

Introdução

Estima-se que ~65 milhões de mulheres em idade fértil vivam infectadas pelo vírus da hepatite B (HBV) em todo mundo. Esse quadro é relevante, uma vez que o HBV pode ser transmitido pela via materno-infantil (TMI). Apesar dos esforços tomados pelo Brasil para prevenção da TMI, com disponibilidade de: medicamento profilático; vacina e imunoglobulina anti-HBV (IGHAHB); e ampla testagem durante o pré-natal, ainda são reportados casos de infecção em crianças <5 anos. Esses casos, em maioria, estão relacionados a falhas na prevenção, na ausência de resposta vacinal e fatores virais (mutações de escape imunológico e medicamentoso).

Objetivo (s)

A partir do exposto, o estudo teve como objetivo avaliar a variabilidade genética do HBV em gestantes atendidas em uma unidade de referência do Rio de Janeiro, entre 2016-2022.

Material e Métodos

Para tal, de uma coorte de 295 gestantes, foram selecionadas aquelas que apresentavam o marcador HBsAg reagente e foram selecionadas amostras de gestantes com cargas virais de logs>102,5. Após a seleção das amostras, o DNA viral foi extraído e depois amplificado pela técnica de PCR qualitativa para a região S/Pol do HBV. Em seguida, as amostras com HBV DNA detectado foram sequenciadas e analisadas, para a identificação de genótipos virais e possíveis mutações de importância clínica.

Resultados e Conclusão

Ao todo foi possível identificar 146 gestantes com HBsAg reagente, das quais, 73 apresentavam logs>102,5. Essas gestantes tinham uma média de idade de 29,4 anos e estavam em sua grande maioria no 2° trimestre de gestação. Foi possível amplificar e sequenciar com sucesso 46/73 (63%) amostras, onde a maioria foi do subgenótipo A1 (n= 32; 69,6%), seguido de A2 (n= 5/46; 10,9%) e D3 (n= 4/46; 8,7%). Observou-se que 23,9% (n=11/46) das gestantes apresentaram mutações associadas à baixa detecção de HBsAg em testes diagnósticos e cinco delas/46 (13%) e apresentaram mutações de evasão imunológica (vacina e IGHAHB). Apenas quatro/46 (8,7%) apresentaram mutações de resistência a medicamentos (lamivudina, entecavir e telbivudina), que não são utilizados durante a gestação. Nossos resultados mostram a importância da identificação de mutações de escape imunológico e medicamentoso em gestantes HBV positivas para fins de vigilância epidemiológica, visando interromper a cadeia de TMI.

Palavras-chave

Hepatite B; Gestantes; transmissão materno-infantil (TMI); mutações; genótipos

Agradecimentos

CAPES; Fiocruz; Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro

Área

Eixo 14 | Outro

Autores

Vinicius Motta Mello, Paulo Sergio Fonseca Sousa, Giovana Guimarães Santos Nascimento, Kaio Callebe Pedro Ferreira, Aryele Raira Silva, Nathalia Balassiano, Caroline Baldin, Girleide Pereira Oliveira, Livia Melo Villar, Barbara Vieira Lago, Lia Laura Lewis-Ximenez