Dados do Trabalho

Título

Fatores preditores do diagnóstico de COVID-19 em indivíduos atendidos na atenção primária de saúde

Introdução

A pandemia de COVID-19 representou o maior desafio de saúde pública do último século, com importante morbimortalidade. O diagnóstico precoce se mostrou fundamental para a adoção oportuna de medidas preventivas e terapêuticas. Poucos estudos abordaram o diagnóstico clínico na realidade da atenção primária de saúde (APS).

Objetivo (s)

Objetivamos determinar os fatores preditores do diagnóstico de COVID-19 na APS.

Material e Métodos

Estudo transversal, em unidade de APS de Fortaleza, entre mar/2021 e nov/2022, com indivíduos ≥ 18 anos e até 7 dias de sintomas. Realizada entrevista, coleta de amostras sanguíneas (exames inespecíficos) e respiratórias para qRT-PCR (SARS-CoV-2, Influenza A e B e vírus sincicial respiratório [VSR]).

Resultados e Conclusão

Avaliados 153 casos, idade mediana 43,1 (32,6-56,8), maioria feminina (61%), com início dos sintomas há 4 (3-5) dias. Participantes com comorbidades (49%), COVID-19 prévio (36%) e vacinação COVID-19 (49%). Sintomas mais frequentes: tosse (74,5%), cefaleia (72,5%), coriza (72,5%), dor de garganta (71,9%) e febre (71,2%). Diagnóstico etiológico: SARS-CoV-2 (45 casos; 29,4%), VSR (9; 5,9%), Influenza A (6; 3,3%) e inespecífico (93; 60,8%). Variáveis epidemiológicas associadas à COVID-19: maior escolaridade (p=0,04) e vacinação CoronaVac (p=0,001). Variáveis clínicas associadas à COVID-19: maior tempo de sintomas (p=0,012), anosmia (p=0,003) e disgeusia (p=0,029). Dor de garganta foi inversamente associada à COVID-19 (p=0,035). Diagnóstico de COVID-19 associado a níveis mais baixos de leucócitos (p=0,020), linfócitos (p=0,001), eosinófilos (p=0,026) e plaquetas (p=0,040). Associação com níveis mais elevados de proteína C-reativa (p=0,003), AST/TGO (p=0,018) e ALT/TGP (p=0,024). Na fase inicial da doença, a presença de anosmia/disgeusia e a ausência de dor de garganta podem ser úteis no diagnóstico clínico de COVID-19. Hemograma, proteína C-reativa e transaminases podem auxiliar no diagnóstico diferencial. Achados demonstram a dificuldade do diagnóstico etiológico durante o atendimento de casos suspeitos de COVID-19, indicando a importância da disponibilidade de testes rápidos na APS e/ou necessidade de elaboração de protocolos de abordagem sindrômica da síndrome gripal. Na maioria dos participantes não houve a identificação do agente etiológico, sinalizando a importância de vigilância de outros vírus respiratórios.

Palavras-chave

COVID-19; Síndrome gripal

Agradecimentos

Fundação Edson Queiroz