Dados do Trabalho


Título

Interface entre Lúpus Eritematoso Sistêmico, Tuberculose e Corticoterapia: relato de caso

Objetivos(s)

Relatar um caso de Meningite Tuberculosa em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) em uso de corticoterapia; apontar a importância desta suspeita diagnóstica, revisando a interface entre as duas doenças.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 17 anos, há três semanas com febre, cefaleia frontal e mialgia, de intensidade progressiva. Evoluiu com vômitos associado a desorientação tempo-espacial, episódios de delírios persecutórios e alucinações visuais. A admissão, apresentava-se ao exame físico, desorientada e com sinais de irritação meníngea. Tinha diagnóstico de LES, com histórico de tratamento com pulsoterapia com metilprednisolona e, atualmente, uso contínuo de prednisona 40 mg/dia. Anti-HIV não reagente. Iniciado esquema terapêutico para meningites bacteriana e viral, sendo realizado punção lombar, apresentando aumento da celularidade, hiperproteinorraquia e Teste Rápido Molecular para M. tuberculosis (Xpert MTB/RIF ultra detectável). A paciente não tinha histórico de rastreio ou tratamento de tuberculose latente.

Conclusão

Tuberculose (TB) é uma das principais causas de óbito entre as doenças infecciosas e sua incidência é sabidamente maior em pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), o que pode estar relacionado tanto à desregulação imune da doença reumatológica, como ao uso de medicamentos imunossupressores.
A prevalência de TB em pacientes com LES varia entre as regiões em torno de 5 a 30%. Embora manifestações extrapulmonares de TB sejam mais comuns em pacientes com LES, quadros de meningite tuberculosa são considerados raros. Ainda, sintomas constitucionais de ambas as doenças podem se sobrepor e pode ser difícil diferenciar o quadro infeccioso de sistema nervoso de manifestações de vasculite lúpica. Para o caso em questão, a suspeita de infecção em SNC foi feita somente após três semanas de sintomas, com a paciente evoluindo com piora clínica progressiva e com sinais de gravidade à admissão.
O tratamento de tuberculose latente (ILTB) reduz o risco de tuberculose doença em mais de 90% e deve ser feito em populações de alto risco. Para esta paciente, nenhuma medida de rastreio / tratamento de ILTB foi realizada, o que pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença.
O caso em questão demonstra a importância da suspeita de meningite tuberculosa em pacientes com lúpus e quadro clínico de possível acometimento do SNC em países endêmicos para TB. Ainda, enfatiza a necessidade de rastreio para TB em determinados grupos de pacientes.

Área

Eixo 13 | Tuberculose e Outras Micobactérias

Categoria

NÃO desejo concorrer ao Prêmio Jovem Pesquisador

Autores

Jefersson Matheus Maia Oliveira, Fernanda Gurgel de Oliveira, Manoella do Monte Alves, Mirella Alves Cunha