Dados do Trabalho


Título

Modelagem estatística do risco de transmissão congênita da doença de Chagas crônica nos municípios brasileiros

Introdução

A transmissão vetorial de Tripanosoma cruzi por Triatoma infestans está eliminada no Brasil há duas décadas. Entretanto, o modo de transmissão via congênita por meio de mãe portadora para seu bebê se tornou o mecanismo principal de persistência. A ausência de um sistema de dados determina que a prevalência da doença e a taxa de transmissão congênita permaneçam desconhecidas. O desconhecimento de parâmetros epidemiológicos dificulta o estabelecimento de políticas públicas e ações de controle e eliminação da Chagas crônica.

Objetivo (s)

O presente trabalho objetivou a realizar estimativas de parâmetros epidemiológicos de Chagas em municípios do Brasil.

Material e Métodos

Foi realizada meta-análise para extração de dados de estimativas de prevalência de DCC em grupamentos populacionais específicos de municípios do Brasil, 2010–2022. A segunda etapa foi a seleção de indicadores, em escala municipal, disponíveis nos sistemas de informação. A terceira e última etapa consistiu em realizar a modelagem estatística dos dados extraídos da meta-análise em função daqueles obtidos dos sistemas de informação. Foi aplicada abordagem de seleção de modelos estatísticos (LM, GLM, GAM) por meio de máxima verossimilhança e princípio da parcimônia.

Resultados e Conclusão

Foram selecionados os 5 melhores modelos, de um total de 549 modelos testados, para se obter um modelo de consenso (R2 ajustado=54%). O preditor mais importante desse modelo foi o cadastro autorreferido para DCC, obtido do sistema de informação de atenção básica. A prevalência média da doença foi estimada em 3,4% (±2,9%) em 3.662 municípios do Brasil. Número de portadores de DCC foi estimado em população geral (~3,9 milhões), mulheres (~2,2 milhões) e mulheres em idade fértil (~630 mil). O cálculo da taxa de reprodutibilidade da doença foi de 1,035. As estimativas se referem ao período 2015–2016. A prevalência de DCC em mulheres em idade fértil por município do Brasil é apresentada como uma estimativa indireta do risco de transmissão de Chagas congênita. Os valores da estimativa estão em acordo com aquelas previstas pela OPAS/OMS e projeções matemáticas. Propõe-se o uso dessa estimativa em municípios de referência para projeto piloto do pacto nacional de eliminação de Chagas congênita.

Palavras-chave

Brasil, Doença de Chagas, Gestantes, Mulheres, Mapeamento Geográfico, Modelos Estatísticos, Transmissão Vertical de Doenças Infecciosas, Trypanosoma cruzi.

Agradecimentos

Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (21/06669-6).

Área

Eixo 06 | Protozooses

Autores

Gabriel Zorello Laporta, Mayara Maia Lima, Veruska Maia da Costa, Swamy Lima Palmeira, Sheila Rodrigues Rodovalho, Miguel Angel Aragón López