Dados do Trabalho


Título

Controle de Aedes aegypti em uma área socioeconomicamente vulnerável em Brasília usando disseminação de piriproxifeno por mosquitos: uma análise exploratória

Introdução

A dengue não está controlada no Brasil. No Distrito Federal-DF, cerca de 60 mil casos foram registrados em 2022, o maior número desde 1998. As áreas socioeconomicamente vulneráveis são caracterizadas por pobreza, baixa escolaridade, precárias moradias e saneamento básico ausente, o que facilita o desenvolvimento de Aedes aegypti e a transmissão da dengue. Nessas áreas, as estratégias de controle tradicionais têm resultados limitados e alternativas devem ser testadas. O controle usando disseminação de larvicidas (e.g. piriproxifeno-PPF) por mosquitos tem alcançado excelentes resultados e pode ser útil para o controle de Ae. aegypti.

Objetivo (s)

Analisar como a densidade de Ae. aegypti é influenciada pelo controle vetorial com disseminação de PPF por mosquitos, estação climática e características da área.

Material e Métodos

Selecionamos duas áreas da cidade Estrutural, DF, (Santa Luzia-SL e Setor Oeste-SO) para monitorar mosquitos entre julho/2022 e maio/2023. Amostramos 60 casas (30 de cada área) por 2 meses antes da intervenção, 7 meses durante e 2 meses depois. Os mosquitos foram capturados usando aspiradores de Nasci, identificados e contabilizados. Selecionamos 150 casas de SL (área mais vulnerável, de intervenção) para colocar estações disseminadoras de PPF. Amostramos cada casa 2 ou 3 vezes por mês. Registramos o tempo de aspiração para obter o esforço de captura (nº de mosquitos por hora, NMH).

Resultados e Conclusão

Capturamos 1266 Ae. aegypti, a maioria em SL (87%). O NMH em SL (15,9) foi ~ 5 vezes maior do que o do SO (3,1). O NMH aumentou em ambas as áreas a partir de setembro. Como esperado, observamos maior NMH nos meses chuvosos, tanto em SL quanto em SO. A média de NMH na estação chuvosa (10,9) foi muito maior que na seca (3,1). Observamos que a média de NMH na coleta 2 (7,5) foi maior do que na coleta 1 (5,6) e 3 (2,4). Antes da intervenção o NMH era maior na SL (SL: 1,56, SO: 0,09), durante a intervenção essa diferença se manteve (SL: 17,62, SO: 3,12) e após a retirada das estações disseminadoras de PPF a média de NMH aumentou em SL (22,9) e se manteve no SO (3,1). A análise exploratória indica que 1) áreas vulneráveis apresentam maior densidade de Ae. aegypti, principalmente na estação chuvosa; 2) muitos mosquitos não são detectados nas casas na primeira coleta; 3) o aumento da densidade de Ae. aegypti após a retirada da intervenção sugere que a estratégia de disseminação de PPF por mosquitos foi importante para o controle vetorial.

Palavras-chave

Controle vetorial; Dengue; Autodisseminação; Larvicida

Agradecimentos

OMS; CNPq

Área

Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores

Autores

Marcos Takashi Obara, José Fabrício de Carvalho Leal, Mayra de Sousa Félix de Lima, Pedro Augusto da Silva Soares, Glauco de Oliveira Macedo, Bruno Monteiro da Silva, Daniela Farias Gomes, Nathalia Moura Gonçalves, Phylipi Figuêiredo de Souza, Thyele Sanne da Silva Nunes Santos, Rodrigo Gurgel Gonçalves